China proíbe camisinha com foto de herói do país

A embalagem de camisinha com a efígie do antológico soldado Lei Feng - herói do Partido Comunista da China (PCCh) e uma referência essencial da virtude individual e coletiva para os chineses desde Mao Tsé-tung - teve vida curta na China. A prefeitura de Ningbo, na província sulista de Zheijiang, proibiu as vendas online dos preservativos Taotao por "afrontar o maior símbolo do trabalho voluntário da nação".

Segundo o Departamento da Indústria e Comércio de Ningbo, o comerciante Zhang Zhiwen teria falsificado a licença municipal para a venda dos preservativos pela internet. A embalagem teria indignado os chineses e foi denunciada por vários órgãos da imprensa oficial. "Zhang adquiria as camisinhas em Guangdong; em seguida as embalava com a foto de Lei Feng portando o livro vermelho do presidente Mao e as revendia com a marca "Taotao", segundo a Agência de Notícias Xinhua.

O "espírito de Lei Feng" continua a ser evocado pelos ideólogos e militantes do PCCh, especialmente durante os programas voluntários de assistência médica e educacionais nas zonas menos desenvolvidas do país. Além do mais, o heróico personagem, idealizado por Mao logo após o desastroso período do Grande Salto Adiante (1958 - 1961) em aprender com Lei Feng, sobreviveu ao fim da Guerra Fria e à política de abertura e reforma econômica implantada por seu sucessor, Deng Xiaoping.

Tabus

"O presidente Mao pediu à Nação que incorporasse 'o espírito de Lei Feng'", um simples soldado do povo que morreu em 1962, aos 22 anos de idade. Sua vida foi marcada pela fidelidade, generosidade e persistência em suas tarefas", conforme a reportagem da Xinhua.

Alguns internautas, por outro lado, reagiram de forma bem-humorada ao produto. "É mais um estímulo para persistirmos na quebra dos milenares tabus sexuais feudais", ironizou um blogueiro.