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Nacional
Segunda - 13 de Novembro de 2006 às 16:36

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Cerca de 400 integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que saíram hoje (13) de manhã de Arroio dos Ratos, já estão no assentamento São Pedro, em Guaíba, na região metropolitana de Porto Alegre. Na saída da marcha, que percorreu 11 quilômetros desde o início da manhã, houve bloqueio do trânsito na BR-290.

Segundo Ana Soares Hanauer, da coordenação do MST, o objetivo do grupo é caminhar em média 10 quilômetros por dia até chegar à fazenda Cabanha Dragão, em Eldorado do Sul. "A manifestação é para pressionar pelo assentamento imediato das 1.070 famílias que o governo assumiu para este ano no estado. E, até agora, o Incra [Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária] só assentou 98", explicou. A área, de 760 hectares, foi ocupada pelos sem-terra em junho do ano passado.

Ana Hanauer disse que o MST também quer a desapropriação das fazendas Coqueiros, em Coqueiros do Sul, no norte gaúcho, e Soutal, em São Gabriel, na fronteira oeste. "Nessas três propriedades, daria para assentar as 2.500 famílias que estão acampadas à beira de estradas no estado", afirmou Ana. Segundo ela, os sem-terra acampados à margem da BR-158, entre Santana do Livramento e Rosário do Sul, também vão marchar em direção à fazenda Soutal.

Também hoje, 150 trabalhadores rurais ocuparam a fazenda Palermo, em São Borja, na fronteira oeste. O grupo, que chegou de manhã, em três ônibus, rendeu os vigias que cuidava m da propriedade. É a terceira vez que a área, de 1,2 mil hectares, é ocupada pelos sem-terra este ano. Segundo o MST, a fazenda, que teve o decreto de desapropriação assinado em 2001, depende da liberação, pelo governo estadual, de R$ 2,4 milhões para compra da área.

De acordo com o MST, o governo estadual recebeu esse recurso através de convênio com o Incra, formalizado em 2005, mas até hoje não fez o depósito judicial. "A ocupação é a forma encontrada para pressionar o governo gaúcho a liberar o dinheiro e permitir o assentamento de 60 famílias de trabalhadores sem terra no local", afirmou Ivonete Tonin, da coordenação do MST.

O governo gaúcho informou que a desapropriação da fazenda Palermo depende da Justiça. "Houve uma disparidade entre o que foi avaliado pelos peritos judiciais e o governo", disse o secretário estadual da Reforma Agrária, Lademiro Dors. Ele informou que está aguardando a homologação da sentença pelo juiz da comarca de São Borja, para efetuar o pagamento e assentar cerca de 80 famílias na área.

O superintendente do Incra no estado, Mozart Artur Dietrich, disse que a fazenda Soutal será vistoriada. Segundo ele, o MST pediu que o Incra negociasse com o Banco do Brasil para receber a área em troca do pagamento de dívidas dos proprietários. "O mecanismo de reconhecimento de terras para destinação a assentamentos ainda não está regulamentado no país", explicou Dietrich. Ele informou que 530 famílias foram assentadas este ano no Rio Grande o Sul.

O presidente da Comissão de Assuntos Fundiários da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Gideon Pereira, destacou que os fazendeiros gaúchos estão "monitorando com atenção" a movimentação dos sem-terra no estado. "Mais uma vez , o MST está querendo provocar a paciência dos produtores rurais", afirmou Pereira. Ele dosse que não serão toleradas invasões às propriedades.





Fonte: Agência Brasil

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