Chefe da polícia deve ser inocentado em relatório sobre morte de Jean Charles

O chefe da Scotland Yard deve ser inocentado em um relatório que será entregue na próxima semana sobre a morte do brasileiro Jean Charles de Menezes nas mãos de agentes da polícia que o confundiram com um terrorista depois dos atentados de julho de 2005, em Londres, noticiou neste domingo o jornal The Sunday Times.

Segundo a publicação, a Comissão Independente de Queixas contra a Polícia (IPCC, na sigla em inglês) vai entregar na próxima semana seu relatório "Stockwell Dos", no qual afirma que Sir Ian Blair não infringiu o código de conduta dos oficiais superiores da polícia.

O documento só será divulgado em público em janeiro.

Citando "fontes superiores" não identificadas da polícia metropolitana de Londres, a fonte acrescentou que Ian Blair foi inocentado das acusações de ter mentido ao público após a morte de Jean Charles, em 22 de julho de 2005.

A morte do brasileiro, um eletricista de 26 anos, ocorreu no dia seguinte a quatro atentados frustrados contra o sistema de transporte público londrino, cujos autores estavam em liberdade.

A polícia o matou com sete tiros na cabeça na estação do metrô de Stockwell, no sul de Londres.

Na ocasião, duas semanas antes, quatro terroristas suicidas mataram 52 pessoas e feriram outras 700 em três estações do metrô e em um ônibus da capital britânica.

A IPCC fez uma investigação sobre Ian Blair, a quem a família de Jean Charles acusa de acobertamento e pede sua demissão.

Ian Blair negou ter tentado proteger seus homens ou bloquear uma investigação independente, assegurando que não tinha certeza de que Jean Charles não era um dos terroristas suicidas procurados até 24 horas depois da morte do brasileiro.

Segundo o Sunday Times ainda, o chefe da unidade antiterrorismo, Andy Hayman, também deverá receber reprimendas por ter fornecido informações divergentes sobre a identidade do homem morto.

Embora a promotoria britânica tenha decidido não processar os envolvidos na morte de Jean Charles, a polícia de Londres foi indiciada por violações às leis de saúde e segurança no caso do brasileiro morto por engano.