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Internacional
Domingo - 12 de Novembro de 2006 às 15:23

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A Ossétia do Sul realizou hoje referendos e duas eleições presidenciais, colocando em evidência a divisão, não somente étnica, deste território que oficialmente pertence à Geórgia, mas cujos dirigentes pretendem unir à Rússia.

"No território controlado pelas autoridades (separatistas) de Tskhinvali, rege a lei marcial e está proibida a livre circulação do transporte e das pessoas", disse à Efe o presidente da Comissão Eleitoral, criada pelas forças de oposição como alternativa à do regime separatista.

Seus trabalhos, disse, contam com o apoio de cidadãos da Ossétia do Sul, tanto de origem georgiana como osseta, cansados dos 17 anos de confronto e ansiosos por encontrar uma alternativa ao atual regime separatista.

Na metade da tarde, as autoridades de Tskhinvali já davam por realizados o plebiscito e as eleições, com mais de 60% de participação.

"Não resta a menor dúvida de que a população dirá sim à independência e a seu líder, Eduard Kokoity", atual presidente que pretende renovar seu mandato por mais cinco anos, disse à Efe o presidente da Comissão Eleitoral em Tskhinvali, que reúne informações das 78 mesas eleitorais, seis delas em território russo.

O próprio Kokoity disse hoje que seu objetivo é conseguir a "união à Federação da Rússia".

A apenas cinco quilômetros da capital separatista, na localidade de Eredvi, onde a maioria da população é georgiana e fora de controle dos separatistas, outra Comissão Eleitoral controla o andamento de outro plebiscito e outras eleições com seu próprios 26 colégios, alguns em território controlado pelos separatistas e um inclusive em Tskhinvali.

Neste caso, a permanência na Geórgia com uma ampla autonomia é submetida a plebiscito e cinco candidatos disputam o cargo de presidente, todos eles de origem osseta. As autoridades separatistas, no entanto, não permitiram que eles apresentassem suas candidaturas nas eleições "oficiais" por considerá-los "traidores".

O favorito é Dmitri Sanakoyev, um próspero empresário osseta de 37 anos que combateu do lado separatista na guerra de 1989-1992 e depois ocupou os cargos de ministro da Defesa, vice-primeiro-ministro e primeiro-ministro.

Sanakoyev deixou seu cargo e foi para a Rússia se dedicar aos negócios em 2001, quando Kokoity chegou ao poder.

Agora, Sanakoyev decidiu voltar à sua pátria para "unir todos os habitantes (ossetas e georgianos) da Ossétia do Sul", e defende que "apenas uma ampla autonomia dentro do Estado georgiano permitirá levantar a Ossétia do Sul das ruínas e devolver a paz a seus habitantes, ossetas e georgianos".

A Ossétia do Sul, cuja capital, Tskhinvali, fica a apenas 100 quilômetros da capital da Geórgia, Tbilisi, tem 82 mil habitantes, dos quais 58 mil são ossetas e 22 mil são georgianos.

Em Tskhinvali, há rumores de que as eleições paralelas e a Comissão Eleitoral alternativa foram organizadas pelos serviços secretos georgianos.

Embora Tbilisi não reconheça oficialmente nenhum dos dois pleitos, também não esconde suas esperanças.

"A partir destas eleições começará a verdadeira autodeterminação da população e será delimitada a divisa entre os interesses da Rússia e da população local", disse George Targamadze, presidente do comitê parlamentar georgiano para Defesa e Segurança.

No entanto, uma nota do Ministério de Exteriores da Rússia expressou seus temores de que "a direção alternativa que se pretende criar na Ossétia do Sul seja reconhecida por Tbilisi como único representante legítimo da população da Ossétia do Sul", o que, segundo a nota oficial, "traria graves conseqüências".

Moscou advertiu que isso "intensificará a tensão na zona do conflito, e a divisão étnica pode ocasionar um confronto político e militar".





Fonte: EFE

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