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Cobras & Lagartos alavanca horário das sete ao retratar cobiça
Cobras & Lagartos chega ao fim comprovando que o público gosta mesmo é de bichos peçonhentos. Quanto mais venenoso, melhor. Dos míseros 27 pontos de audiência média de Bang Bang, última trama das sete da Globo, o horário decolou para a média de 44 pontos e 65% de participação através da ácida história de João Emanuel Carneiro.
O tom de humor negro, presente em quase todos os núcleos e personagens da história, garantiu a diversão apelando pelo exagero. Quanto mais "over", melhor.
Ultrapassar os limites da ética e da falta de caráter através dos vilões, por exemplo, trouxe alguma polêmica junto ao público, que se manifestou pedindo à emissora menos perversidade na novela. Mas o autor conseguiu soltar veneno com cautela.
A freqüente dose de inconseqüência dos vilões amenizou o potencial nocivo de suas maldades, que foram diluídas com o texto engraçado e veloz.
A velocidade esteve presente também nas cenas ágeis e na edição quase de videoclipe, que garantiu "picotadas" visuais, o que sempre atrai a atenção do desconcentrado público deste horário. É o período do dia com muitas pessoas chegando em casa, crianças ainda acordadas e famílias conversando antes do jantar. Por isso mesmo, a agilidade nas cenas é tão necessária, para atrair a atenção nesta faixa de horário.
A escalação do elenco também foi uma cartada certeira do autor. Lázaro Ramos e Taís Araújo, como Foguinho e Ellen, puseram diversas cenas "no bolso" e tiveram o mérito de se destacar como antagonistas negros numa trama que justamente enfoca as diferenças sociais e o desequilíbrio econômico.
Isso sem falar de Carolina Dieckmann, que se sobressaiu com sua primeira vilã Leona, nome que acabou virando adjetivo para as louras más e gananciosas.
Em contrapartida, algumas personagens enveredaram por caminhos pouco criativos, como a caricata Milu de Marília Pêra. Na verdade, desde a minissérie JK, a conceituada atriz parece estar fora de forma em suas interpretações na telinha. Enquanto Sarah Kubitschek era apática demais, Milu extrapola em caras e bocas e tons muito acima do necessário.
Também numa linha equivocada seguiu Daniel de Oliveira, com seu eterno sotaque e jeito de mineiro ao interpretar um carioca. Não convenceu na determinação que Duda exigia de seu intérprete.
Mas o mais surpreendente mesmo, na reta final da novela, tem sido o eficiente desempenho de Cléo Pires, filha de Glória Pires.
Apesar da atriz afirmar que não faz a menor idéia se vai ou não seguir a carreira de atriz, Cléo parece demonstrar que a genética influencia no talento. Com sua Letícia, a novata demonstrou uma surpreendente maturidade.
O mesmo acerto também esteve presente no texto de João Emanuel e na direção de Wolf Maya. Através da cobiça, um dos sentimentos que mais movem os vilões na teledramaturgia, o autor fez um retrato fiel da sociedade contemporânea. Claro que usou e abusou de muitas licenças poéticas, mas tratou da inversão de valores sempre de maneira eficaz, original e irônica.
Da barateira Saara - que remete à região de comércio popular no Rio de Janeiro - até a sofisticada loja Luxus, - paródia da caríssima Daslu - , João Emanuel costurou uma colcha de retalhos do universo da futilidade que cada vez mais movimenta a economia.
O tom de humor negro, presente em quase todos os núcleos e personagens da história, garantiu a diversão apelando pelo exagero. Quanto mais "over", melhor.
Ultrapassar os limites da ética e da falta de caráter através dos vilões, por exemplo, trouxe alguma polêmica junto ao público, que se manifestou pedindo à emissora menos perversidade na novela. Mas o autor conseguiu soltar veneno com cautela.
A freqüente dose de inconseqüência dos vilões amenizou o potencial nocivo de suas maldades, que foram diluídas com o texto engraçado e veloz.
A velocidade esteve presente também nas cenas ágeis e na edição quase de videoclipe, que garantiu "picotadas" visuais, o que sempre atrai a atenção do desconcentrado público deste horário. É o período do dia com muitas pessoas chegando em casa, crianças ainda acordadas e famílias conversando antes do jantar. Por isso mesmo, a agilidade nas cenas é tão necessária, para atrair a atenção nesta faixa de horário.
A escalação do elenco também foi uma cartada certeira do autor. Lázaro Ramos e Taís Araújo, como Foguinho e Ellen, puseram diversas cenas "no bolso" e tiveram o mérito de se destacar como antagonistas negros numa trama que justamente enfoca as diferenças sociais e o desequilíbrio econômico.
Isso sem falar de Carolina Dieckmann, que se sobressaiu com sua primeira vilã Leona, nome que acabou virando adjetivo para as louras más e gananciosas.
Em contrapartida, algumas personagens enveredaram por caminhos pouco criativos, como a caricata Milu de Marília Pêra. Na verdade, desde a minissérie JK, a conceituada atriz parece estar fora de forma em suas interpretações na telinha. Enquanto Sarah Kubitschek era apática demais, Milu extrapola em caras e bocas e tons muito acima do necessário.
Também numa linha equivocada seguiu Daniel de Oliveira, com seu eterno sotaque e jeito de mineiro ao interpretar um carioca. Não convenceu na determinação que Duda exigia de seu intérprete.
Mas o mais surpreendente mesmo, na reta final da novela, tem sido o eficiente desempenho de Cléo Pires, filha de Glória Pires.
Apesar da atriz afirmar que não faz a menor idéia se vai ou não seguir a carreira de atriz, Cléo parece demonstrar que a genética influencia no talento. Com sua Letícia, a novata demonstrou uma surpreendente maturidade.
O mesmo acerto também esteve presente no texto de João Emanuel e na direção de Wolf Maya. Através da cobiça, um dos sentimentos que mais movem os vilões na teledramaturgia, o autor fez um retrato fiel da sociedade contemporânea. Claro que usou e abusou de muitas licenças poéticas, mas tratou da inversão de valores sempre de maneira eficaz, original e irônica.
Da barateira Saara - que remete à região de comércio popular no Rio de Janeiro - até a sofisticada loja Luxus, - paródia da caríssima Daslu - , João Emanuel costurou uma colcha de retalhos do universo da futilidade que cada vez mais movimenta a economia.
Fonte:
TV Press
URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/261388/visualizar/
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