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Economia
Sexta - 10 de Novembro de 2006 às 23:53

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A dívida acumulada do setor de defensivos agrícolas chega a R$ 3 bilhões no Brasil em 2006 por causa da recente crise dos grãos, informou nesta sexta-feira, o presidente do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para a Defesa Agrícola (Sindag), Antonio Carlos Zem. O volume representa 38,7% do faturamento anual do setor, que deve fechar este ano com vendas de US$ 3,6 bilhões, ou R$ 7,74 bilhões, se considerado um dólar a R$ 2,15.

O faturamento é 12% menor do que o do ano passado, quando superou US$ 4 bilhões. "É uma bela de uma dívida; isso acaba inibindo o plantio e reduzindo a tecnologia aplicada à lavoura", disse Zem. "Atingimos o limite de crédito, já que não somos banco", completou o presidente do Sindag, que participa de evento do setor sucroalcooleiro, em São Paulo, promovido pela FMC, empresa da qual é o presidente para a América Latina.

O executivo estima também que a dívida do setor de fertilizantes beire R$ 1 bilhão. Ela só é bem menor do que a do setor de defensivos porque as empresas de fertilizantes têm um prazo mais curto de pagamento e uma maior capacidade de operar na troca dos produtos pela produção final. No setor de defensivos a competitividade também é maior entre as indústrias, o que reduz as margens das empresas.

De acordo com Zem, chegou-se a imaginar uma fórmula de renegociação das dívidas para um longo prazo com os produtores, na qual os agricultores saldariam entre 10% e 20% da dívida imediatamente, as indústrias dariam um desconto de até 15% e o restante seria renegociado. "Só que os bancos não deram a aval e queriam que nós fizéssemos isso, que não tem respaldo no setor", explicou Zem.

Se a queda no faturamento do setor de defensivos em geral será de 12%, nos grãos, que representam 40% total do mercado, a queda atingirá 25%, basicamente graças à crise da soja. Isso leva o presidente do Sindag a duvidar que a safra brasileira de grãos 2006/2007, estimada entre 119 milhões e 121 milhões de toneladas pelo governo federal, seja concretizada. "Estamos mais para 115 milhões de toneladas", resumiu.

Em contrapartida, algodão e cana-de-açúcar servirão, em 2006, para amenizar uma queda maior no faturamento do setor, com crescimento de faturamento com defensivos nessas culturas de 20% a 25%, respectivamente, ante o do ano passado. Zem explica que o setor de algodão reflete uma recuperação na área plantada, que deve saltar de 830 mil para 1,1 milhão de hectares no Brasil.

Já o setor de cana é o único que não enfrentou crise. A venda de defensivos para a cultura deve saltar de US$ 362 milhões no ano passado para US$ 471 milhões em 2006 e atingir, de acordo com estimativas do Sindag, US$ 720 milhões em 2010, basicamente devido à expansão da área cultivada no País.

Neste ano, a participação da cana dentro do mercado total de defensivos deve ficar em 12%, ante 9% no ano passado. Já a soja deve cair de 43% para 39% e o algodão saltar de 10% para até 15%, se comparados os dois períodos. "Uma área que pode crescer muito é a de milho, já que o Brasil deve suprir uma demanda advinda do crescente uso do grão para a produção de etanol nos Estados Unidos", avaliou Zem.

O presidente do Sindag espera uma recuperação em 2007 no setor de defensivos, com um aumento de 4% a 5% no faturamento no Brasil e uma retomada ainda maior em 2008, mas não fez previsão.





Fonte: Agência Estado

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