RSF: escutas telefônicas são contrárias à liberdade de imprensa

A organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) denunciou hoje as escutas efetuadas pela Polícia Federal no escritório de Brasília do jornal "Folha de São Paulo" como contrárias à liberdade de imprensa e ao direito dos jornalistas de manter em segredo suas fontes.

"As autoridades federais abusam ainda mais uma vez de seu poder para obrigar os jornalistas a revelar suas fontes de informação em um assunto que respingou em assessores e aliados do Presidente da República", denunciou a RSF em comunicado.

A decisão judicial que permitiu as escutas, revelada na quarta-feira, foi tomada dentro do caso do falso dossiê contra o candidato à Presidência, Geraldo Alckmin.

A organização de defesa da liberdade de imprensa estima que as escutas, em uma linha fixa e outra móvel, autorizadas entre 1º de agosto e 29 de setembro, são uma "bofetada" ao "direito constitucional à proteção do segredo das fontes".

Este direito também está protegido pela Declaração de Chapultepec sobre a liberdade de expressão e informação, assinada pelo presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, em maio, segundo a RSF.

A organização lembra que no caso do dossiê houve outro "ataque" à liberdade de imprensa: as "tentativas de intimidação contra três jornalistas da revista ''Veja''".