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Educação/Vestibular
Sexta - 10 de Novembro de 2006 às 18:11
Por: Soraia Ferreira

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Canarana, MT – Respeitar os valores, a cultura, a sabedoria tradicional e a língua materna de cada etnia. Esses são os referenciais da Educação Escolar Indígena ofertada em Mato Grosso e que tem levado cada vez mais os índios à sala de aula. Conforme a professora índia Severiá Maria Idiore Xavante, houve o tempo em que essas especificidades foram desconsideradas, ao se impor a educação formal nas aldeias.

“Não falo de 500 anos atrás. Isso acontecia há bem pouco tempo”, afirmou Severiá, que é graduada em Letras, durante a palestra que proferiu na abertura da segunda etapa do projeto Haiyô – Magistério Intercultural, em Canarana (780km de Cuiabá), no início desta semana. O curso é oferecido pelo Governo do Estado, via Secretaria de Educação (Seduc).

Ao falar para os 75 índios das etnias Xavante, Karajá, Tapirapé e Bororo de 11 municípios da região do Araguaia beneficiados pelo projeto, Severiá pediu uma reflexão sobre o verdadeiro papel da escola no cotidiano indígena. “Na aldeia, a educação se dá na convivência das crianças com os pais, os mais velhos e quando é repassado o conhecimento tradicional. O refinamento desse conhecimento vai sendo feito nos ritos de passagem. Quanto mais velho o índio fica mais sábio”, afirmou ela, ao comparar a educação indígena à formal.

“Na cultura não-índia, a concepção de conhecimento se dá na escola e, esta forma pessoas para a mão-de-obra: para serem médicos, advogados, professor, entre outras funções. É por isso que temos que definir qual deve ser a função social da Educação Escolar Indígena”, explanou a professora índia. De acordo com ela, as escolas já se tornaram ponto de referência nas aldeias, mas o projeto de escola para os povos indígenas ainda está em construção. Autonomia

Para a irmã missionária Lauritas, Genoveva Jara, que mora há 13 anos na aldeia Xavante “São Pedro”, em Campinápolis, o respeito às especificidades e o oferecimento de um currículo diferenciado nas escolas das aldeias deu autonomia ao índio. “Quando chegamos aqui, a educação era de nossa responsabilidade. Agora, ela voltou às mãos dos índios. Aos poucos eles retomaram o controle da escola e da comunidade”, observa.

“A partir do momento em que houve o contato entre os índios e não-índios, houve a necessidade da convivência. E a escola ajudou nisso”, acrescenta Severiá, ao destacar que o Haiyô é mais um momento de aprendizagem da convivência. “A convivência se dá no interagir verdadeiro, ela tem que partir dos dois lados: índios e não-índios”.

As escolas indígenas são bilíngües: os alunos aprendem na língua mãe e em português. Severiá Maria Idiore Xavante é índia Karajá, casada com um Xavante, é professora efetiva do Estado e leciona na escola da aldeia “Wederã”, localizada na Terra Indígena Pimentel Barbosa, em Canarana. Haiyô

O Haiyô é uma formação profissionalizante para professores índios no exercício da docência, oferecido pelo Estado a 298 docentes que lecionam a mais de nove mil crianças de 36 etnias, em aldeias localizadas em 33 municípios do Estado.

O curso iniciou em 2005 e terá duração de cinco anos, organizado em 10 etapas presenciais e intermediárias. Além do pólo de Canarana, a Seduc oferece o curso para professores índios da região de Juína, Campinápolis e Xingu (Baixo-Médio e Alto). Por também atender a professores de escolas estaduais e municipais, o Governo do Estado conta com a parceria do Ministério da Educação (MEC), Fundação Nacional do Índio (Funai), Funasa, Conselho Estadual Indígena (CEI) e municípios.





Fonte: Da Assessoria

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