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Internacional
Sexta - 10 de Novembro de 2006 às 07:47

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Esse resultado deverá ter um forte impacto nos dois anos finais do republicano George W. Bush à frente da presidência dos Estados Unidos.

Entenda as principais mudanças e o que está em jogo.

Por que as eleições parlamentares dos EUA foram importantes? O controle do Congresso estava em jogo. Os republicanos controlavam ambas as Casas do Congresso - a Câmara dos Representantes e o Senado - desde 1994, com exceção de um breve período em que os democratas tiveram o controle do Senado depois que um senador abandonou o Partido Republicano.

Neste pleito, os eleitores escolheram os ocupantes de todos os 435 assentos da Câmara dos Representantes e de um terço dos 100 assentos do Senado.

O que aconteceu? O Partido Democrata obteve o controle tanto da Câmara dos Representantes como do Senado.

O partido conquistou a liderança no Senado depois de uma vitória apertada em duas disputas-chave (nos Estados da Virgínia e de Montana). Isso, condiderando-se que os dois senadores eleitos independentes - Joe Lieberman, em Connecticut, e o socialista Bernie Saunders, em Vermont - votem com os democratas.

O novo Congresso, no entanto, só vai tomar posse no dia 3 de janeiro de 2007.

O resultado das eleições representa uma notável rejeição às políticas do presidente republicano George W. Bush, que ainda tem dois anos de mandato pela frente.

Esse resultado também reflete o decontentamento da população americana com uma série de escândalos que abalaram os republicanos no Congresso.

O que o resultado das eleições representa para a política? Pelo sistema de governo norte-americano, com sua separação de poderes, o Congresso propõe e aprova leis, que o presidente têm de implementar.

Já houve diversos períodos na história americana em que o comando da presidência e o controle do Congresso estiveram com partidos diferentes, como durante a maior parte do governo de Bill Clinton, nos anos 90.

Se o presidente e o Congresso estiverem preparados para trabalhar juntos em uma base bipartidária, as leis podem continuar a ser aprovadas.

Mas caso os dois lados discordem em questões fundamentais, chega-se a um impasse.

O presidente pode obstruir a legislação usando seu poder de veto, que só pode ser derrubado no Congresso por uma maioria de dois terços. No entanto, o presidente geralmente prefere usar seu poder com moderação. O presidente Bush usou o veto em apenas uma ocasião durante seu mandato.

Qual o papel do presidente da Câmara, cargo que deverá ser ocupado por Nancy Pelosi? O presidente da Câmara dos Representantes tem o poder de reconhecer líderes legislativos, colocar leis em votação e designar membros de comitês.

É também o segundo na linha de sucessão presidencial, depois do vice-presidente.

Se for eleita em janeiro, Nancy Pelosi será a primeira mulher presidente da Câmara dos Representantes.

O papel do presidente também é partidário, e Pelosi será a lider dos democratas na Câmara, apoiada pelo líder da maioria na Câmara, Steny Hoyer, cuja função é arrecadar votos para as leis apoiadas pela liderança.

Pelosi também irá dividir o papel de líder dos democratas com Harry Reid, líder democrata no Senado, e, em menor proporção, com Howard Dean, líder do Comitê Nacional Democrata.

E quanto à política externa? O presidente Bush ainda terá o poder de determinar a política externa dos Estados Unidos e ainda será o comandante de todas as forças militares americanas.

Mas ele estará sujeito ao "conselho e consentimento" do Senado, que deverá aprovar tratados e a designação de cargos, como de embaixadores.

O Congresso também pode usar seus poderes de fiscalização promovendo debates sobre assuntos importantes para a política externa e chamando funcionários do governo para prestar declarações.

O Congresso tem também controle sobre o orçamento e pode aumentar ou reduzir o orçamento militar ou os gastos em segurança interna.

No entanto, o novo secretário de Defesa indicado pelo presidente Bush, Robert Gates, que é membro de uma comissão bipartidária encarregada de criar uma nova estratégia para o Iraque, poderá sinalizar uma nova abordagem para a política externa.

Na maior parte do período pós-guerra, os presidentes sempre tiveram o cuidado de construir uma base de apoio multipartidária para sua política externa.

E quanto à política interna? Ainda há grandes divergências entre o governo e os democratas a respeito de muitas questões importantes relacionadas à política doméstica, como corte de impostos.

Os democratas querem uma abordagem diferente para áreas como saúde, energia (incluindo mais ênfase a fontes de energia alternativas) e segurança interna.

Mas, depois do recente escândalo envolvendo Jack Abramoff (um ex-lobista ligado ao Partido Republicano e condenado a quase seis anos de cadeia por conspiração e fraude na Flórida), pode haver um esforço bipartidário para tornar mais rígidas as regras a respeito da ética e do papel dos lobistas no Congresso.

Também pode haver um esforço bipartidário para enfrentar o déficit no orçamento e a questão da imigração.

Há, no entanto, grandes divergências em muitas dessas questões dentro do próprio Partido Democrata.

E mesmo quando controlados pelo mesmo partido, a Câmara dos Representantes e o Senado nem sempre concordam - então ainda pode haver dificuldades consideráveis na aprovação das leis mais importantes.

E quanto à agenda social? Outra grande divergência entre o presidente Bush e muitos democratas tem sido em relação à chamada agenda de "valores" - questões como aborto, casamento de pessoas do mesmo sexo e pesquisas com células-tronco.

O presidente Bush pode enfrentar tentativas de mudar o rumo de algumas dessas questões no Congresso, agora que os democratas estão no controle.

Alguns referendos estaduais realizados ao mesmo tempo que as eleições parlamentares mostraram uma mensagem confusa sobre a visão que o eleitorado tem dessas questões.

Eleitores em sete Estados (Colorado, Idaho, Carolina do Sul, Dakota do Sul, Tennessee, Virgínia e Wisconsin) rejeitaram o casamento gay ao aprovar uma proposta que reconhece como casamento apenas a união entre um homem e uma mulher.

Mas em Dakota do Sul os eleitores derrubaram uma proibição quase total do aborto que havia sido aprovada pela legislatura estadual no início deste ano.

E no Missouri, democratas e liberais comemoravam uma nova vitória com a aprovação de uma emenda constitucional estadual autorizando a realização de pesquisas com células-tronco, inclusive de embriões, questão à qual o presidente Bush se opõe.

No entanto, muitos dos congressistas e senadores democratas recém-eleitos vêm de Estados mais conservadores e vários deles têm manifestado seu apoio à "agenda de valores".





Fonte: Terra

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