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Economia
Quarta - 08 de Novembro de 2006 às 13:16

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Depois de dois meses consecutivos de expansão (0,7% em julho e agosto), a indústria pisou no freio em setembro, e a produção caiu 1,4% em relação ao mês anterior na comparação livre de influências sazonais. Trata-se da maior retração desde julho de 2005 --2,8%.

No terceiro trimestre, houve expansão de 0,4% ante o segundo trimestre. Foi a quarta taxa positiva seguida nesse tipo de comparação. Em relação ao terceiro trimestre de 2005, o incremento foi de 2,7%, na 12ª variação positiva consecutiva.

O fraco desempenho da indústria no período fez economistas revisarem para baixo suas projeções para o PIB (Produto Interno Bruto) deste ano. As expectativas apontam para uma expansão de 2,8% a 3%.

"Os 3% passaram a ser o teto diante do resultado ruim do terceiro trimestre", disse Solange Srour, economista-chefe da Mellon Global Investments.

Segundo o IBGE, a intensidade da queda foi determinada por greves em montadoras, que levaram a uma retração de 9,3% na produção do ramo de veículos automotores. Dos 23 ramos pesquisados, 12 registraram queda de agosto para setembro. Outros destaques negativos foram: fumo (-26,6%), produtos químicos (-3,2%) e outros equipamentos de transporte (-11,8%).

Por trás do baixo nível de atividade, porém, também há o câmbio. Percebe-se seu reflexo negativo especialmente na categoria de bens de consumo duráveis, cuja produção caiu 4,4% em setembro e 1,7% no terceiro trimestre. "Em setembro repete-se o patamar de que a indústria fica num sobe-e-desce. A diferença é que o saldo desses movimentos vinha mostrando tendência de suave crescimento. Com o recuo de setembro, vê-se clara estabilidade", disse Sílvio Sales, chefe da Coordenação de Indústria do IBGE.

Na avaliação de Sales, o melhor desempenho relativo do comércio e taxas maiores de expansão de importações do que de exportações revelam o impacto negativo do câmbio sobre a atividade industrial.

"Além da greve de setembro, há um conjunto de fatores. Parte da explicação se deve à perda de ritmo das exportações de duráveis, principalmente da indústria automobilística. Outro fator é a chegada de bens importados, principalmente entre os eletroeletrônicos, e o fato de que o segmento de duráveis nos últimos três anos acumula crescimento de 44% [de janeiro de 2004 a setembro de 2006]."

Em setembro, houve greve em três montadoras: Volkswagen/Audi, Renault e Volvo. Naquele mês, as vendas de veículos recuaram 9,3%, de acordo com a Anfavea.

Solange Srour, da Mellon, diz que fica nítido que as vendas do varejo estão sendo supridas pelo mercado externo, quando são observados os dados de importações, o que explica o descompasso entre o consumo e a produção. De janeiro a setembro, as importações, em volume, subiram 14,6%. Já as exportações, aumentaram apenas 3,7%. No caso dos bens duráveis, houve incremento de 79,8% no volume importado.

Aparente contradição

Divulgadas ontem pela CNI (Confederação Nacional da Indústria), as vendas reais do setor cresceram 1,82% em setembro na comparação ajustada sazonalmente com agosto. Apesar da aparente contradição com a produção, o crescimento das vendas revela um ajustamento de estoques, o que abre espaço para aumento futuro de produção, diz Sales, do IBGE.

Em setembro, o desempenho dos bens de capital também decepcionou. A queda de 2,1% praticamente "devolveu" o crescimento de 2,8% registrado no mês de agosto.





Fonte: 24HorasNews

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