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Internacional
Quarta - 08 de Novembro de 2006 às 10:10

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O jornal diz que "os Estados Unidos conhecidamente gastaram uma grande quantidade de recursos para se livrarem do revolucionário Daniel Ortega nos anos 80", e que os americanos "temendo um avanço comunista no seu próprio 'quintal', fomentaram uma guerra civil treinando e armando os contras".

Segundo o jornal apesar de Ortega ter abandonado a retórica marxista e de ter oferecido garantias a investidores de que quer boas relações com Washington, ele continua "sem crédito em Washington".

"Os EUA apoiaram seu principal oponente e, com a familiar truculência, sinalizaram que iriam cortar investimento e ajuda" numa eventual vitória de Ortega.

O Independent diz que, "Washington está mais preocupado com o crescimento da influência regional do presidente venezuelano Hugo Chávez, que enviou combustível barato para regiões que apóiam os sandinistas e prometeu apoio ao novo governo nicaragüense".

No editorial, o jornal diz que o "mais importante do que a briga entre Caracas e Washington é saber se Ortega é bom para a Nicarágua", e chega a afirmar que "o risco de uma guerra civil não pode ser descartado", pois "o país continua dividido".

A eleição de Daniel Ortega também é destaque de editorial do britânico Financial Times. O jornal afirma que a vitória "vai fortalecer o bloco radicalmente antiamericano" formado por Chávez e pelos presidentes Fidel Castro de Cuba e Evo Morales da Bolívia.

Mas, segundo o jornal, "seria um erro exagerar a importância estratégica do que é, afinal, um minúsculo e empobrecido país".

"Autoridades americanas deveriam manter a questão em perspectiva. As guerras revolucionárias da América Central acabaram há muito tempo".

O jornal acrescenta que "eleições recentes no México, Brasil, Colômbia, Chile e Peru - países muito mais significativos do que a Nicarágua - foram vencidas por presidentes moderados de centro-direita e centro-esquerda que valorizam uma aliança com Washington."

Esquerdas Os dois tipos de esquerda que dominam a América Latina também são tema de editorial do jornal americano The Christian Science Monitor.

Repercutindo a vitória de Ortega, o jornal pergunta se ele "seguirá o modelo do homem-forte do venezuelano Chávez (...) erodindo a democracia de seu país (...) e importunando os Estados Unidos em um campeonato regional por influência".

"Ou seguirá Ortega a estratégia de líderes de esquerda como os do Brasil e do Chile, que tentam ajustar cuidadosamente suas economias de mercado para elevar os pobres e evitar o confronto com os Estados Unidos?"

Para o jornal, a "Venezuela parece estar perdendo a competição com os Estados Unidos por uma visão diferente do futuro da região. O esquerdismo de Chávez não atrai muitos dos líderes que são esquerdistas mas democráticos. Ortega diz que agora é um pragmático. E nada poderia ser mais pragmático do que seguir líderes de esquerda de sucesso como os do Brasil e do Chile".

Segundo o The Christian Science Monitor, "os Estados Unidos precisam ter mais fé de que os latino-americanos preferem a democracia e os mercados abertos".

Lula O diário espanhol El País também aborda a questão dos rumos das esquerdas no continente em um artigo sobre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, assinado pelo escritor chileno Jorge Edwards.

"O estilo de Lula, acentuado nos últimos dias, marcou uma distância notória em relação ao tom de confronto próprio de Fidel Castro, de Hugo Chávez ou do mexicano Andrés Manuel López Obrador".

O artigo usa como exemplos do estilo do presidente brasileiro seu "discurso de reconcilição e unidade nacional" e o fato de que "Lula só fez sua primeira aparição pública depois que recebeu o telefonema de seu adversário, Geraldo Alckmin, reconhecendo a derrota".

No artigo, chamado de "O novo Lula", o escritor diz que "ainda que Lula represente com os melhores títulos a esquerda regional, seu caso demonstra que as velhas definições de esquerda e direita, nesse começo do século 21, são relativas e discutíveis".

Rumsfeld As eleições americanas desta terça-feira também são destaque dos jornais internacionais.

Segundo editorial do The New York Times, o "trabalho pós-eleitoral número um" será a retirada do secretário do secretário de Defesa, Donald Rumsfeld, por causa de sua atuação na guerra do Iraque.

"À medida que a campanha prosseguiu, houve uma questão sobre a qual membros dos dois partidos pareciam concordar: Donald Rumsfeld tem que sair".

"Donald Rumsfeld merece sair simplesmente porque falhou em realizar seu trabalho. Negar essa realidade é aparentemente a razão pela qual o presidente George W. Bush está tão inclinado a mantê-lo."

O jornal afirma que "é possível que ninguém pudesse ter transformado a invasão do Iraque em um sucesso, considerando as fissuras na sociedade iraquiana expostas pela queda de Saddam Hussein".

"Mas nós nunca saberemos, já que a falta de tropas americanas e de planejamento no pós-guerra tornaram o desastre inevitável."





Fonte: BBC Brasil

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