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Economia
Quarta - 08 de Novembro de 2006 às 01:51
Por: Cassiano Gobbet

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A classificação do Brasil como sendo de "médio" risco político, segundo estudo de uma consultoria, se deve principalmente a problemas como o nível de corrupção e uma percepção externa das dificuldades que o presidente Lula deve enfrentar no seu segundo mandato.

De acordo com Nicholas Watson, analista para o Brasil da Control Risks, responsável pelo relatório Control Risks 2007, a colocação do país na avaliação não é melhor, sob o ponto de vista político, por causa do risco de "estagnação política" que os próximos quatro anos de governo podem trazer.

"Há um risco concreto de estagnação política e o presidente Lula terá dificuldades para estabelecer as suas coalizões numa posição de força", afirmou Watson.

"Não vejo de maneira muito otimista a possibilidade de Lula realizar as reformas abrangentes que são necessárias, especialmente em relação à política tributária e à seguridade social", afirmou o analista, que ainda apontou a corrupção e a burocracia como obstáculos a serem combatidos.

Conforme o estudo, que avaliou o risco político e de segurança para a atividade de empresas estrangeiras, somente países com o risco "baixo" ou "insignificante" é que seriam considerados adequados para atividade de empresas.

Habilidade política

Para Nicholas Watson, o primeiro mandato de Lula não mostrou o comprometimento necessário com tais reformas e, nos próximos quatro anos, será ainda mais difícil para o presidente poder fechar os acordos, coisa que exigirá uma grande dose de habilidade política.

"Basicamente, o presidente terá o primeiro ano de seu mandato para atacar as reformas mais urgentes, porque depois disso a tendência é que ele se enfraqueça politicamente. Não acredito que a situação possa vir a se precipitar em algo radical como um impeachment, mas o cenário de estagnação é uma possibilidade concreta", afirmou.

De acordo com Watson, será curioso ver como Lula combinará "ortodoxia econômica com programas sociais" no seu segundo mandato, porque, segundo ele, o presidente parece totalmente ciente de que a manutenção da inflação baixa é importante para os mais pobres.

"Programas como o Bolsa Família foram idéias herdadas do governo anterior, mas é preciso dar o mérito a Lula de tê-los expandido amplamente", disse Watson. "Mesmo assim, o controle da inflação permanece sendo o ponto mais crucial para beneficiar as camadas mais pobres", disse.

Segurança

Em relação à segurança, Watson explicou que a colocação intermediária do Brasil delineia um contraste da violência de cidades como São Paulo e Rio de Janeiro com a relativa tranqüilidade de outras áreas.

"Se dependesse das cidades maiores, como São Paulo e Rio, onde a atividade criminosa é intensa, a classificação do Brasil seria de 'alto' risco, mas estes problemas são pontuais e, no geral, a classificação é média por causa da visão global do país", afirmou Watson, destacando a dificuldade de colocar um país com tantas matizes sob uma mesma etiqueta.

O analista também explicou que mesmo em cidades onde a criminalidade é alta, companhias estrangeiras têm condições de continuar trabalhando, já que estas não são os alvos primários dos criminosos.

Watson também disse que a coordenação das forças de segurança no país também representa um desafio para os próximos anos. Na opinião dele, as autoridades têm de combinar forças entre si e evitar disputas de poder.




Fonte: BBC Brasil

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