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Nacional
Terça - 07 de Novembro de 2006 às 03:56
Por: Clarissa Oliveira

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SÃO PAULO - Em seu primeiro evento público depois de ter sido reeleito, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva encampou um discurso desenvolvimentista e reafirmou seu compromisso com o crescimento econômico do País. Voltado a uma platéia de empresários premiados pela revista Carta Capital, o presidente reeleito voltou a dizer que não acredita em fórmulas mágicas para fazer o Brasil avançar, mas insistiu que o avanço da economia estará em suas prioridades para este novo mandato.

"Eu tenho consciência, muito mais do que consciência, eu sinto a necessidade de fazer com que esse País cresça", disse o presidente, acrescentando que, com isso, será desencadeada uma corrente em que cada setor que se beneficiar desse avanço ajudará outro a seguir o mesmo caminho. "O crescimento vai ajudar. O povo sendo ajudado vai ajudar a classe média, a classe média sendo ajudada vai ajudar os empresários, os empresários sendo ajudados vai ajudar todo mundo a viver bem", emendou.

As falas de Lula sobre crescimento econômico, feitas na entrega do prêmio "As Empresas Mais Admiradas no Brasil", foi uma resposta à cobrança feita pelo presidente da Gerdau, Jorge Gerdau Johannpeter, um dos executivos homenageados no evento. Em seu discurso, Gerdau aproveitou para mandar um recado ao governo ao dizer que a maior preocupação do País é o crescimento. "Temos que buscar um crescimento de no mínimo 5% do PIB ao ano", disse o empresário, acrescentando que somente isso permitirá gerar mais emprego e reduzir de fato as desigualdades sociais.

Lula, por sua vez, afirmou que, se fosse possível, decretaria um crescimento de 7% para o Brasil por meio de uma medida provisória. Mas insistiu que, como esta não é uma alternativa, prefere buscar os caminhos que permitam obter um avanço mais sólido na economia. "Eu não acredito em mágica. Eu acredito em seriedade. Até porque o crescimento que nós queremos para o Brasil não vai se dar em um mandato presidencial. É preciso que a gente pense numa geração. Ou quem sabe até um pouco mais, se nós quisermos fazer uma coisa sólida, madura, que não tenha retorno", disse Lula.

O presidente aproveitou para fazer mais uma cobrança ao empresariado, dessa vez em relação às últimas eleições. Alegando ter sido vítima de uma "hipocrisia", Lula reivindicou os votos destinados ao rival tucano Geraldo Alckmin pelos empresários presentes no evento. "Eu penso que de vez em quando a humanidade precisa deixar a hipocrisia um pouco de lado e temos que ser mais verdadeiros", disse. "Veja que absurdo. Eu faço uma campanha em que eu era obrigado a defender os bancos. E os meus adversários criticavam os bancos e vocês votavam neles e não em mim."

Pensamento único O evento desta segunda-feira, 6, também serviu de palco para mais uma crítica do presidente Lula à imprensa. Dessa vez, Lula aproveitou para apoiar o diretor da Carta Capital, o jornalista Mino Carta, que alguns minutos antes havia manifestado seu orgulho por ter apoiado abertamente a campanha presidencial petista.

Carta disse ter sido cobrado por articulistas de outros veículos pela postura, mas insistiu que o posicionamento político no meio jornalístico é comum em países mais avançados do ponto de vista democrático. Em apoio ao jornalista, Lula disse que jamais pediu ou pedirá a algum meio de comunicação "o favor" de não falar contra o governo e disse que, para ele, a liberdade da imprensa deve ser plena.

Por outro lado, o presidente cobrou responsabilidade da imprensa brasileira. "Liberdade plena exige responsabilidade, sobretudo seriedade", disse, lembrando que viveu, na ditadura militar, o "tempo de pensamento único", em que era proibido falar mal do governo. "Agora estamos outra vez (nesse tempo), é proibido falar a favor. Nós mudamos do oito para o oitenta com uma facilidade enorme", afirmou.

No evento desta segunda, Lula foi acompanhado pelos ministros Luiz Dulci (Secretaria-Geral da Presidência), Marina Silva (Meio Ambiente) e Fernando Haddad (Educação), além do presidente do BNDES, Demian Fiocca, o senador Aloizio Mercadante, a ex-prefeita Marta Suplicy, o deputado Delfim Netto (PMDB) e o presidente interino do PT, Marco Aurélio Garcia. No evento, estiveram presentes ainda o governador de São Paulo, Claudio Lembo; o prefeito da capital paulista, Gilberto Kassab; o presidente da Câmara, Aldo Rebelo; e o presidente do PSOL, Plínio de Arruda Sampaio. Lula entregou pessoalmente os troféus a alguns dos presidentes das empresas vencedoras da premiação, entre eles Alessandro Carlucci (Natura), Ivan Zurita (Nestlé), José Sergio Gabrielli (Petrobras) e Jorge Gerdau Johannpeter (Gerdau).




Fonte: AE

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