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Internacional
Domingo - 05 de Novembro de 2006 às 17:37

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Líderes chineses e africanos encerraram neste domingo um encontro que rendeu acordos de 1,9 bilhão de dólares e garantias de Pequim de que não vai monopolizar os recursos da África durante as ações para aumentar sua influência no continente.

Os acordos, assinados entre 12 empresas chinesas e governos e empresas africanas, foram fechados depois da promessa feita no sábado pelo presidente chinês, Hu Jintao, de oferecer 5 bilhões de dólares em crédito e empréstimos, além de dobrar a ajuda à África até 2009.

Em declaração conjunta no encerramento da cúpula, representantes anunciaram uma parceria estratégica e um "plano de ação" que prevê a cooperação na economia, assuntos internacionais e desenvolvimento social.

"Propomos a melhora da cooperação Sul-Sul e o diálogo Norte-Sul para promover o desenvolvimento balanceado, coordenado e sustentável da economia global", disse Hu, lendo a declaração.

Delegados de quase 50 países africanos foram ao encontro realizado no fim de semana em Pequim, no maior encontro China-África desde a fundação da China comunista, em 1949.

Os acordos fechados no domingo incluem compromissos chineses de construir vias expressas na Nigéria, uma rede de telefonia na região rural de Gana e uma fundição de alumínio do Egito, disse a agência oficial Xinhua.

A China, quarta maior economia do mundo e segunda maior consumidora de energia, quer garantir acesso ao petróleo, ao gás e a outros recursos minerais da África para movimentar sua economia, que cresce em ritmo rápido.

Mas o governo chinês foi criticado por alegações de estar fazendo negócio com países africanos sem dar atenção a práticas administrativas e aos direitos humanos, incentivando regimes que o Ocidente tentava isolar.

O ministro do Exterior da Etiópia, Seyoum Mesfin, rejeitou as críticas, dizendo que o relacionamento está ajudando a combater a pobreza na África e que o continente precisa de cooperação, sem condições políticas.

"Isso não tem nada a ver com fechar os olhos para as situações graves da África", disse ele em conferência de imprensa. "Isso significa promover valores humanos, incluindo direitos humanos. Não é um direito desenvolver um tema de direitos humanos?"

PETRÓLEO

O comércio da China com a África deverá chegar a 50 bilhões de dólares neste ano e o premiê Wen Jiabao fez um pedido em discurso no sábado, durante o encontro, para os parceiros comerciais dobrarem o valor para 100 bilhões de dólares até 2010.

A África fornece atualmente um terço das importações de petróleo da China. Angola foi seu maior fornecedor neste ano, segundo números até setembro.

Empresas chinesas de petróleo também estão perto de participar de mais negócios de petróleo e gás na Nigéria, depois que a produtora estatal CNOOC pagou, em abril, 2,7 bilhões de dólares por 45 por cento das ações em um campo no país africano. O ministro do Exterior chinês, Li Zhaoxing, defendeu a participação da China em negócios petrolíferos na África, que incluem atividades no Sudão, país que enfrenta sanções do Ocidente devido à violência na região de Darfur.

"A China não procura o monopólio de recursos de petróleo. Não queremos influenciar ou excluir outros países do solo da África", disse ele em entrevista coletiva.

Li ressaltou também a importância estratégica da África como bloco de votação, dizendo que a China conseguiu manter sua vaga na ONU em 1971 e venceu o direito de organizar as Olimpíadas de 2008 graças a votos de países africanos.

A China parece disposta a devolver o favor e fez um pedido na declaração conjunta para que os países africanos tenham uma papel maior na ONU depois das reformulações do organismo.

O encontro foi também uma oportunidade para Pequim mostrar suas credenciais de anfitriã de um grande evento antes dos Jogos de 2008.

A cidade foi enfeitada com cartazes anunciando a amizade sino-africana, as medidas no trânsito mantiveram a ordem nas normalmente congestionadas ruas de Pequim e os cerca de 1.700 delegados foram recebidos com apresentações de gala de música e dança.





Fonte: Reuters

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