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Domingo - 05 de Novembro de 2006 às 12:19

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A animação e o jeito minucioso do diretor Alexandre Boury se destacam nas gravações de O Profeta. Durante algumas cenas do núcleo mais cômico da trama original de Ivani Ribeiro, adaptada por Walcyr Carrasco, o diretor regia até os olhares desconfiados dos personagens, como do esperto Benjamin, vivido pelo pequeno Renan Ribeiro. Apesar do acelerado ritmo das gravações da novela das seis, o diretor consegue se preocupar não só com a direção das cenas, mas também com a atenta orientação de cada ator. Mesmo nas tomadas mais curtas, como a que está prevista para ir ao ar na próxima terça, dia 7.

Na cena, Rosi Campos, que vive a falsa vidente Rúbia, e Renan presenciavam uma armação de Ernesto, de Mário Gomes. "Essa cena marca o início de uma nova fase dessa família. É quando esse safado vai se encontrar com a amante Mirian pela primeira vez", adianta Rosi, se referindo ao marido, que terá um caso com a insinuante "pin-up" vivida por Juliana Baroni.

Na cena, repetida mais de três vezes pelos atores, Boury, que já dirigiu novelas como A Próxima Vítima e Zazá, chegava a imitar a expressão que queria dos personagens. E fazia os atores reproduzirem várias vezes a mesma ação no modesto cenário do exterior da casa de Rúbia, pincelado de diluídos tons pastéis e com dezenas de trapinhos pendurados nos varais. "Tomo cuidado para não ter gritaria nessas cenas, apenas expressões mais sutis para que esses personagens não entrem no tom do Silvio de Abreu. Guardo a garganta deles apenas para as cenas na feira", explicava o diretor.

Da escada do casebre, focalizada por uma das duas câmaras na cena, descia o desajeitado Mário Gomes na pele de Ernesto, interrogado por Rúbia: "Vai sair, meu bem?". Ernesto, com seu jeito cínico respondia: "Vou atrás de um emprego que vi no jornal". Essa era a deixa para Benjamim lhe tirar o jornal das mãos e retrucar: "Pai, esse jornal é do mês passado". "Esse moleque está atrapalhando o rapaz!", esbravejava Mário em tom irônico, após a gravação.

O calor de 34º C não derretia o humor da equipe técnica e do diretor, mas afetou a paciência de alguns atores. Rosi Campos, por exemplo, não parava de reclamar do barulho. E olhava com cara feia para os carros de época que passavam de um lado para o outro nos intervalos das cenas, enquanto era assediada por jornalistas. Coberta pelo sufocante figurino da cartomante dos anos 50 e uma peruca abafada, a atriz por pouco não esbravejava: "Às vezes sou mal-humorada mesmo. E também confesso que já fui vítima dessas ciganas videntes que a gente encontra na rua. É pior ainda quando cismamos de querer escutar o que elas dizem", comentava, se referindo às trambiqueiras nas quais se inspirou para compor Rúbia.

Enquanto Rosi e Mário tagarelavam, dezenas de figurantes com longas anáguas e rapazes de cabelos com gel, imitando o rebelde James Jean, invadiam a cidade cenográfica. A cena seguinte era uma simples tomada de rua, quando Carola, Teresa e Benjamim resolvem visitar a vidente fajuta. Tudo porque a comilona decide procurar Rúbia para saber se tem alguma chance com Marcos, o protagonista de Thiago Fragoso.

Até nesse pequeno "take", Boury se mostrou preocupado com os mínimos detalhes de expressão dos atores. Paula Burlamaqui, que vive a romântica Teresa, e Carola, de Fernanda Souza, se derretiam: "Gravar com ele é moleza, é tudo muito tranqüilo", assegurava Paula, que passou o dia caracterizada para gravar apenas uma cena passeando pela rua. "Estou morta gente! Trabalhei muito!", brincava a atriz, enquanto Fernanda devolvia: "Agora vai para a praia jogar frescobol!". Rindo, Paula se afastava lentamente, com um rebolado que pouco tinha a ver com aquela São Paulo dos anos dourados, enquanto técnicos e figurantes abandonavam a cidade de ilusão.





Fonte: TV Press

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