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Nacional
Domingo - 05 de Novembro de 2006 às 04:08

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Ficou somente na promessa. Os passageiros do ônibus 350 ainda não viram a cor do dinheiro que seria desembolsado pela Viação Rubanil, no Rio de Janeiro, para arcar com os gastos de remédios e de curativos. O governo também não ofereceu nenhum tipo de ajuda para o tratamento e a situação só tende a se agravar, já que a maioria dos feridos graves agora depende de cirurgias plásticas reparadoras para amenizar as seqüelas das queimaduras.

"Pediram para eu levar as notas do que gastei à garagem da empresa. Fui lá, deixei as receitas, mas até agora não recebi um centavo. Se não fosse minha família, ia morrer esperando ajuda", comentou o estudante Higor dos Santos Pereira, que sofreu queimaduras nas duas orelhas e no braço esquerdo.

Para vítimas como a pedagoga Viviane Euzébio, que teve queimaduras de segundo e terceiro graus, a corrida deve se estender mais. Com os movimentos da mão esquerda comprometidos, ela precisa não só de intervenções cirúrgicas como de fisioterapia. O pai dela, José Messias de Freitas Euzébio, conseguiu a malha usada para cicatrização das feridas após muitas tentativas. "É um tratamento caro. Sou motorista e não tenho como bancar do meu bolso", lamentou.

Drama parecido passa Fábio Ferreira de Oliveira, que teve 75% do corpo queimados. No caso dele, falta praticamente todo o aparato de tratamento. "Não consegui que me dessem nada. Passei dois meses internado e depois voltei para casa sem assistência. O aspecto da pele causa gastura", comentou.

Segundo as vítimas, a alegação da Rubanil é que o seguro de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Via Terrestre (DPVAT) só deve ser pago em caso de acidente e não de ataque incendiário. O valor da indenização para reembolso de despesas médicas é de até R$ 2.695. Em caso de invalidez permanente, são pagos até R$ 13.479,48 Enquanto a ajuda não vem, Patrícia Costa dos Santos apela para a Justiça na esperança de ter ajuda para tratamento de quelóides.

Na segunda-feira, acontece o julgamento de Anderson Gonçalves dos Santos, o Lorde, que teria ordenado a queima, e de Sheila Messias Nogueira, que teria feito sinal para que o ônibus parasse.

Condenação Semana passada, o primeiro acusado de participar do ataque, Alberto Maia da Silva, presidente da Associação de Moradores da Vila Pequiri, na Penha, foi considerado culpado e pegou pena de 309 anos de prisão. Silva foi condenado por cinco homicídios duplamente qualificados e 16 tentativas. Ele foi apontado como organizador de reunião antes do ataque e de ter comprado gasolina usada para atear fogo.

Memória O ônibus 350 foi incendiado na noite do dia 29 de novembro do ano passado. Cinco pessoas morreram e 16 tiveram queimaduras. As marcas da barbárie nos corpos das cinco vítimas carbonizadas chocaram até peritos do Instituto Médico-Legal (IML), acostumados a examinar mortos em situações violentas.

O crime teria sido uma represália à morte do traficante Leonardo Souza Ribeiro, o Ciborgue, de 22 anos, morto durante confronto com policiais militares. Ele seria um dos braços-direitos de Anderson Gonçalves dos Santos, o Lorde, chefe do tráfico no Morro da Fé e que teria dado a ordem para o ataque.

Dois dias depois da tragédia, quatro acusados de participar da ação foram encontrados mortos a tiros dentro de um Meriva, abandonado na Penha.





Fonte: O Dia

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