Sob pressão, comando da Aeronáutica tem teste hoje

A volta do feriado prolongado, neste domingo, será um teste para o comando da Aeronáutica, após a situação de caos nos aeroportos do País se normalizar nos dois últimos dias, com a redução do fluxo de passageiros. O comandante da Aeronáutica, brigadeiro Luiz Carlos Bueno da Silva, deverá acompanhar pessoalmente o fluxo de aeronaves direto de Brasília ao longo do dia de hoje, em meio a rumores de desgaste com o ministro da Defesa, Waldir Pires, por conta de suposta contrariedade quanto às negociações de Pires com militares que representam os controladores.

De acordo com o jornal O Estado de S.Paulo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva interveio ontem para acalmar os ânimos entre Bueno e Pires, designando a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, para uma conversa com ambos. O ministro teria se declarado "magoado" mas, segundo o jornal, reiterou a lealdade ao presidente. A notícia, que circulou em diversos sites, suscitou rumores de demissão do brigadeiro e levou a Aeronáutica e emitir uma nota para afastar essas especulações.

O motivo da discórdia seria a reunião, na quinta passada, de Pires com sargentos ligados a sindicatos de controladores de vôos civis, na qual se comprometeu a estudar uma gratificação salarial de até 40% para a categoria, além de confirmar a análise de possível desmilitarização do setor - hoje ocupado predominantemente por integrantes da Aeronáutica. A interferência de Pires teria deixado o brigadeiro e setores da FAB contrariados, por considerarem a negociação com militares um incentivo à insubordinação, contra as rígidas regras disciplinares da Aeronáutica. Bueno teria se sentido desautorizado no episódio.

No site da Força Aérea Brasileira (FAB), o brigadeiro Bueno publicou uma carta na quinta passada, agradecendo o apoio do comandante do Exército, general Francisco Albuquerque, por manifestar "a plena confiança na capacidade de a Aeronáutica restabelecer a normalidade no transporte aéreo nacional". A asessoria de Bueno afirmou que a carta se refere ao apoio recebido nas operações de resgate do Boeing da Gol, mas fontes das Forças Aéreas afirmaram ao jornal O Globo que tratou-se de uma tentativa de busca de apoio e de desviar o foco da crise para o general.

Os atrasos e cancelamentos de vôos se devem a uma operação-padrão promovida pela categoria, que alega falta de pessoal, excesso de trabalho e risco à segurança dos passageiros. Com a normalização dos vôos na sexta e sábado, após a crise atingir seu ápice na quinta, começo do feriado, a Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero) e a Aeronáutica prevêem um retorno tranqüilo hoje. Mas controladores afirmam que haverá mais problemas, com a ampliação da circulação nos aeroportos.