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Cidades/Geral
Sexta - 08 de Março de 2013 às 07:33
Por: JOANICE DE DEUS

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Os estudantes da UFMT agredidos por policiais militares da Ronda Tática Metropolitana (Rotam) pretendem entrar com representações por danos morais e materiais contra o Estado. Medida semelhante também deverá ser adotada contra a reitoria da instituição federal, considerada arbitrária e antidemocrática pela comunidade estudantil. 

"Com certeza providências serão tomadas contra o Estado tanto em relação aos danos financeiros quanto aos psicólogicos causados", disse a estudante de Agronomia, Bruna Matos, de 26 anos, durante entrevista coletiva, na Associação dos Docentes (Adufmat). 

O encontro foi marcado por relatos dos acadêmicos feridos por balas de borracha. O auditório da Adufmat ficou lotado de estudantes. 

Moradora de uma das Casas de Estudantes, Bruna Matos sofreu fratura no terceiro metacarpo da mão esquerda e terá que passar por cirurgia, que custa em torno de R$ 8 mil. Ela afirma que a família não tem condições de arcar com o prejuízo e quer que o Estado pague a despesa. "Estou sentido dores e não consegui dormir à noite", afirmou lembrando que por resolução, como universitária e residente da casa do estudante, a universidade tem 100% de responsabilidade sobre o que lhe aconteceu. 

Cerca de 40 estudantes protestavam contra a decisão da reitora Maria Lúcia Cavalli Neder de cortar 50 vagas da Casa do Estudante – espaço cedido para abrigar estudantes de baixa renda provenientes de outras cidades. A desocupação deve acontecer até o próximo dia 22. Ao menos 10 estudantes ficaram feridos e outros oito foram encaminhados para a delegacia de Polícia Civil. Lá, a advogada da Adufmat, Ione Ferreira de Castro, que buscava informações sobre os universitários acabou sendo detida junto com outro colega de profissão. 

Entre os acadêmicos detidos está Caiubi Kuhn, de 22 anos, e que faz mestrado em Geociências. Com cerca de 20 machucados pelo peito, provocados pelas balas de borracha, ele contou que ficou aproximadamente sete horas detidos. "Era uma manifestação pacífica e os policiais já chegaram batendo", afirmou. 

Já a advogada Ione Ferreira denunciou a forma truculenta com que foi tratada na delegacia de Polícia Civil. Relatou que por diversas vezes um policial a mandou calar a boca, bateu a porta da sala minúscula até quebrá-la e a acusou por isso. "Na sala estavam oito alunos, mais dois fugitivos e mais usuários de drogas. Esses não estavam algemados, mas os estudantes estavam", disse. "Sou uma prova viva da ignorância. São (policiais) preparados fisicamente, mas não mentalmente. Eles não foram preparados para pensar", contou comentando que outro advogado que estava no local e procurou ajudar também acabou sendo preso. 

Em nota de repúdio, a Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Mato Grosso (OAB/MT), informou que vai promover as representações devidas, pedindo penalização severa e vai desagravar os advogados ofendidos. Ainda ontem à tarde, uma reunião na OAB iria tratar do assunto. “Só se via ações truculentas como essa em tempos de ditadura militar. Este é um atentado violento contra o Estado Democrático de Direito. A Constituição da República garante em seu artigo 5º, a livre manifestação, a liberdade de expressão sem censura e independente de licença. Esse fato abre precedente para abusos. Não se bate em estudantes porque simplesmente estavam protestando contra algo e, pior ainda, não se detém advogados que estão exercendo a defesa de cidadãos, como aconteceu na noite passada. São atitudes lamentáveis”, destacou o presidente da seccional, Maurício Aude.




Fonte: Do DC

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