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Internacional
Sábado - 04 de Novembro de 2006 às 10:18

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O Fórum de Cooperação Sino-Africano (Focac), que reúne representantes de 48 países, foi inaugurado hoje com o lema "amizade, paz, cooperação e desenvolvimento" e a oferta de Pequim de ajuda financeira ao continente africano.

Os discursos da cerimônia de inauguração do fórum duraram 50 minutos e a realização do evento permite a Pequim ensaiar sua capacidade de organização e segurança para os Jogos Olímpicos de 2008.

O lema da cúpula foi repetido em todos os discursos pronunciados pelos dirigentes no Grande Palácio do Povo e também aparece nas milhares de bandeirolas que enfeitam as ruas e lojas de Pequim.

O conselheiro de Estado, Tang Jiaxuan, presidiu a abertura da reunião, de dois dias, na qual o presidente da China, Hu Jintao, discursou como anfitrião. O evento foi precedido de uma vistosa cerimônia, onde os presidentes estamparam sua assinatura em selos comemorativos.

No mesmo edifício, empresários chineses e africanos se reuniam em paralelo para abordar formas concretas de cooperação.

Durante a noite, um banquete e uma festa de gala serão oferecidos para celebrar a reunião histórica, que tenta provar "a igualdade e a confiança que sustentam a cooperação que beneficia as duas partes", segundo o "Diário do Povo", órgão do Partido Comunista da China.

Hu anunciou que a China oferecerá até US$ 5 bilhões em empréstimos preferenciais e créditos (de caráter principalmente comercial), duplicará a ajuda ao continente no período de 2006 a 2009 e criará um fundo conjunto para o desenvolvimento. "Nossa cúpula fará história", previu Hu.

A imprensa destacou hoje que a China, até pouco tempo atrás subdesenvolvida, e a África compartilharam sofrimentos e "devem desfrutar do desenvolvimento com o modelo de cooperação que desejarem".

Nos preparativos da cúpula, altos funcionários chineses e africanos destacaram o papel da China na África durante décadas, iniciado com a solidariedade política na Guerra Fria e que evoluiu para a cooperação econômica.

"A amizade sino-africana resistiu ao tempo e às mudanças internacionais. Devemos pensar em como aumentar a cooperação nos apoiando mutuamente", afirmou a vice-primeira-ministra, Wu Yi.

A "Declaração de Pequim", que os líderes assinarão no domingo, no encerramento da cúpula, está destinada, segundo a imprensa oficial, "a estabelecer um novo tipo de associação estratégica baseada na confiança, na cooperação econômica e nos intercâmbios".

As proclamadas intenções chinesas enfrentam as queixas de sindicatos e empresários africanos e o receio de alguns países pela sede que o gigante asiático tem de petróleo, minerais, mercados e aliadose.

Segundo o Banco Mundial, a China deve se transformar na entidade que concede o maior número de empréstimos aos países africanos, mas também pode contribuir para aumentar a corrupção e a dívida.

Grupos defensores dos direitos humanos, como a Human Rights Watch (HRW), reiteraram a Pequim que exerça sua influência diplomática e econômica para pressionar rumo à melhoria das condições de vida nos países ajudados.

"A China insiste em que não interfere em assuntos internos, mas ao se declarar amiga do povo africano não deve ficar em silêncio", afirmou a organização.

Como exemplo, citou que as empresas chinesas possuem 40% das instalações no Sudão e o bloqueio de resoluções da ONU contra o Governo sudanês por Pequim.

"Vimos que a China pressionou a Coréia do Norte para retornar à mesa de negociações e esperamos esforços similares com países onde a situação é catastrófica", disse, após mencionar a venda de tecnologia que permite controlar comunicações ao Zimbábue.

Os três mil delegados que assistem à cúpula são de países que reconhecem a República Popular. Os cinco Estados que mantêm relações com Taiwan - Burkina Faso, São Tomé e Príncipe, Suazilândia, Gâmbia e Malauí - estão ausentes.

Nos últimos cinco anos, a China conseguiu que três países rompessem seus laços com Taipé: Libéria (2003), Senegal (2005) e Chade (2006).

A China, segundo maior consumidor mundial de petróleo - atrás apenas dos Estados Unidos -, importa 30% da África e investe bilhões de dólares em explorar a commodity e gás em Angola, Chade, Sudão e Nigéria.

O comércio sino-africano excederá os US$ 50 bilhões em 2006, 20% a mais que em 2005, segundo Zhou Yabin, diretor do departamento da África do Norte e Ocidental do Ministério de Assuntos Exteriores, para quem "as economias são complementares".

Mais de 800 empresas chinesas estão na África com investimento de US$ 6 bilhões, através de acordos com 28 países e com projetos de engenharia, construção, petroquímica, educação e saúde. Pequim pensa em impulsionar os negócios agrícolas e alimentícios.

As exportações chinesas à África atingiram US$ 11 bilhões na primeira metade de 2006, aumento de 30% em relação ao mesmo período de 2005, enquanto as importações foram de US$ 14,6 bilhões, aumento de 51%.





Fonte: EFE

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