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Internacional
Sexta - 03 de Novembro de 2006 às 15:22

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A acusação formal de corrupção e falsificação de documentos contra a primeira-dama taiuanesa, Wu Shu-chen, acertou hoje um duro golpe no presidente de Taiwan, Chen Shui-bian, abrindo uma crise política de conseqüências incertas.

O promotor Zhang Wen-zheng acusou Wu de utilizar faturas de terceiros para justificar despesas do Escritório Presidencial no valor de US$ 423,331 mil, não excluindo a cumplicidade do próprio presidente.

"A Promotoria da Corte Suprema considera que o presidente Chen está envolvido nos delitos de corrupção e falsificação de documentos, mas devido a sua imunidade (...) é preciso esperar que renuncie ou termine seu mandato para apresentar as acusações", disse o promotor Zhang Wen-zheng.

Os dados coletados em quatro meses de investigação e o interrogatório de 276 pessoas não concordam com as declarações presidenciais, segundo as quais, as despesas justificadas com notas fiscais alheias foram usadas em diplomacia secreta, afirma a promotoria.

A investigação "foi realizada com imparcialidade e sem aceitar pressões políticas", disse Zhang.

Este caso se junta a outro de corrupção e tráfico de informação privilegiada contra o genro do presidente, Chao Chien-ming, que, segundo a promotoria de Taipé, forneceu dados para sua família para comprar ações que se revalorizaram em milhões de dólares.

Até o momento, ainda não foi dada sentença judicial no caso contra Chao Chien-ming.

Para tentar aplacar as críticas dos escândalos, o presidente taiuanês cedeu parte de seus poderes ao primeiro-ministro, Su Tseng-chang, em junho deste ano.

Além disso, Chen assegurou que renunciaria se finalmente fosse provado que ele tivesse cometido crime de corrupção.

A oposição taiuanesa e a campanha "Um milhão de vozes contra a corrupção" e a favor da cassação de Chen preparam mobilizações e a apresentação de uma moção parlamentar para revogar o mandato de Chen.

"O presidente taiuanês deve renunciar porque perdeu a confiança e o apoio do povo", disse o principal dirigente opositor, Ma Ying-jeou, presidente do partido Kuomintang (KMT).

As acusações contra Chen e sua esposa afetarão negativamente o Partido Democrata Progressista (PDP) nas eleições municipais de Taipé e Kaohsiung, as duas cidades principais da ilha, previstas para 9 de dezembro.

Enquanto alguns membros do PDP pedem para apoio total a Chen, outros querem distanciar-se do presidente para que o partido não perca apoio popular.

"A promotoria sofreu fortes pressões para acusar o presidente e a sua esposa", disse o parlamentar do PDP, Wang Chien-sheng, que confia na inocência do governante.

O partido independente União Solidariedade de Taiwan (UST), aliado do PDP, declarou seu apoio à cassação do presidente por meio de uma moção parlamentar.

O ex-aliado de Chen, Shih Ming-teh, organizador de grandes mobilizações populares contra o presidente, renovou seu clamor aos taiuaneses para acabar com "um presidente corrupto e ineficaz".

Alguns observadores políticos expressaram seu temor de que se desencadeiem conflitos violentos entre partidários e opositores de Chen, e pedem calma a todas as partes.

O líder taiuanês é um ídolo de milhões de taiuaneses, sobretudo no sul da ilha, por sua postura desafiante perante a China e sua política de independência, e poucos deles acham que ele tenha cometido atos de corrupção.

Taiwan entra em um período de crise política, com reuniões das cúpulas políticas de todos os partidos, e sem que o presidente taiuanês nem sua esposa tenham feito declaração alguma.

Observadores políticos na ilha duvidam que o presidente taiuanês, Chen Shui-bian, renuncie antes que exista uma sentença judicial contra sua esposa.





Fonte: EFE

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