RJ: homem recorre a bandidos para recuperar carro
"Informei à polícia, mas não fizeram nada. Fiquei ainda mais revoltado", disse. Ele, então, foi negociar a devolução do veículo com traficantes, que exigiram R$ 1 mil de resgate. "Meu carro estava numa praça, com diversos jovens sentados em cima, tomando cerveja e ouvindo funk no rádio".
Da 20ª DP (Vila Isabel), onde o rapaz tinha registrado o roubo, ele foi encaminhado ao Batalhão de Operações Especiais (Bope) da PM. "Isso porque na DP disseram que só poderiam subir a favela com auxílio dos PMs e do Caveirão (carro blindado da polícia)", completou. No Bope, teve mais uma vez seu pedido negado. "Alegaram não ter atribuição para isso e me mandaram procurar o 6º BPM (Tijuca). Lá, me disseram que, além da falta de efetivo, o trabalho era de competência da Polícia Civil, já que o caso já estava registrado lá".
Os criminosos marcaram de entregar o carro no início da noite de terça-feira. Mas só fizeram contato com a vítima à 1h30 de quarta-feira. "Recebi a ligação de madrugada e um homem dizia: 'Teu carro vai estar no acesso do morro'. Saí de casa correndo e o peguei" contou o servidor público, que foi 'liberado' de pagar o resgate, mas ficou sem o rádio.
O funcionário público estava acompanhado da mulher quando foi atacado. "Um deles estava de metralhadora e chegou a bater com a arma no carro", relatou ele. Os bandidos saíram do local em alta velocidade e, no caminho, acabaram batendo com o veículo, que perdeu o pára-choque na colisão.
Sem operação no domingo O comandante do 6º BPM, tenente-coronel Álvaro Garcia, disse que o batalhão não poderia realizar operação no Morro dos Macacos no domingo da eleição porque poderia colocar em risco vidas inocentes. Garcia afirmou também que não trabalha aos domingos e que a vítima deveria ter procurado por ele na segunda-feira.
"Ele tinha de falar comigo. No domingo não tem expediente. Quem determina se a gente vai subir o morro ou não sou eu. Domingo foi dia de eleição, a polícia não podia invadir o morro porque toda a comunidade estava lá, havia várias crianças e, se a gente subisse, haveria troca de tiros e poderiam morrer inocentes. Se ele fosse lá no batalhão na segunda-feira, poderia me procurar".
A reportagem procurou ontem o delegado Heitor Gonçalves, titular da 20ª DP, mas não conseguiu obter resposta. No mesmo local em que o funcionário público foi assaltado, perto do Túnel Noel Rosa, outros motoristas também foram atacados naquele dia. "Quando fui registrar, já estavam na delegacia mais duas vítimas".
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