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Polícia Brasil
Sexta - 03 de Novembro de 2006 às 03:54

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Vítima de roubo de carro na cidade do Rio de Janeiro, um funcionário público não obteve ajuda da polícia apelou aos bandidos para ter seu veículo de volta. No último domingo, às 13h30, ele foi cercado por uma dupla de moto no cruzamento das ruas Barão de São Francisco com Torres Homem, em Vila Isabel, e ficou sem seu Renault 96. Com o auxílio de amigos, acabou sabendo que o automóvel - que ainda não está pago e não tem seguro - estava no Morro dos Macacos, no mesmo bairro. O rapaz acionou policiais civis e militares, mas ninguém foi à favela recuperar o carro.

"Informei à polícia, mas não fizeram nada. Fiquei ainda mais revoltado", disse. Ele, então, foi negociar a devolução do veículo com traficantes, que exigiram R$ 1 mil de resgate. "Meu carro estava numa praça, com diversos jovens sentados em cima, tomando cerveja e ouvindo funk no rádio".

Da 20ª DP (Vila Isabel), onde o rapaz tinha registrado o roubo, ele foi encaminhado ao Batalhão de Operações Especiais (Bope) da PM. "Isso porque na DP disseram que só poderiam subir a favela com auxílio dos PMs e do Caveirão (carro blindado da polícia)", completou. No Bope, teve mais uma vez seu pedido negado. "Alegaram não ter atribuição para isso e me mandaram procurar o 6º BPM (Tijuca). Lá, me disseram que, além da falta de efetivo, o trabalho era de competência da Polícia Civil, já que o caso já estava registrado lá".

Os criminosos marcaram de entregar o carro no início da noite de terça-feira. Mas só fizeram contato com a vítima à 1h30 de quarta-feira. "Recebi a ligação de madrugada e um homem dizia: 'Teu carro vai estar no acesso do morro'. Saí de casa correndo e o peguei" contou o servidor público, que foi 'liberado' de pagar o resgate, mas ficou sem o rádio.

O funcionário público estava acompanhado da mulher quando foi atacado. "Um deles estava de metralhadora e chegou a bater com a arma no carro", relatou ele. Os bandidos saíram do local em alta velocidade e, no caminho, acabaram batendo com o veículo, que perdeu o pára-choque na colisão.

Sem operação no domingo O comandante do 6º BPM, tenente-coronel Álvaro Garcia, disse que o batalhão não poderia realizar operação no Morro dos Macacos no domingo da eleição porque poderia colocar em risco vidas inocentes. Garcia afirmou também que não trabalha aos domingos e que a vítima deveria ter procurado por ele na segunda-feira.

"Ele tinha de falar comigo. No domingo não tem expediente. Quem determina se a gente vai subir o morro ou não sou eu. Domingo foi dia de eleição, a polícia não podia invadir o morro porque toda a comunidade estava lá, havia várias crianças e, se a gente subisse, haveria troca de tiros e poderiam morrer inocentes. Se ele fosse lá no batalhão na segunda-feira, poderia me procurar".

A reportagem procurou ontem o delegado Heitor Gonçalves, titular da 20ª DP, mas não conseguiu obter resposta. No mesmo local em que o funcionário público foi assaltado, perto do Túnel Noel Rosa, outros motoristas também foram atacados naquele dia. "Quando fui registrar, já estavam na delegacia mais duas vítimas".





Fonte: O Dia

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