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Quinta - 07 de Março de 2013 às 16:35
Por: Jardel P. Arruda

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Jardel P. Arruda-OD

Em meio a uma coletiva de imprensa acalorada, marcada por vários discursos sobre o direito de manifestar o descontentamento com as políticas públicas e de palavras de ordens que lembravam sobre o fim da ditadura militar há mais de 30 anos, o Diretório Central de Estudantes (DCE) avisou que irá processar a direção superior da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), atribuindo a ela parte da responsabilidade pelo confronto entre acadêmicos e a Polícia Militar. 

“Essa administração tirana não pode se eximir de sua responsabilidade. O estudante só sai para rua se não tem diálogo dentro da faculdade”, disse a estudante e coordenadora do DCE da UFMT Lais Caetano, sobre o confronto que terminou com seis alunos presos e mais de dez feridos. “Nós vamos processar a direção superior da UFMT”, completou Walter Aguiar, também do Diretório Central dos Estudantes.

Ambos os alunos foram muito ovacionados após suas falas, o que fez o pequeno auditório da Adufmat, circular, em forma de uma oca, lotado de estudantes, ficasse parecido com um caldeirão humano, parecido com um estádio de futebol em final de campeonato. “Nas ruas, nas praças, quem disse que sumiu? Aqui está presentes o movimento estudantil!”, entoaram em coro, repedidas vezes, como se todos os inimigos pudessem, e de certa forma puderam, ouvi-los.

A posição dos alunos é apoiada pelos professores associados a Adufmat, encabeçada pela reitora Maria Lúcia Cavali Neder, que também consideram a atual direção da faculdade ditatorial. “Há muito tempo a reitora rompeu diálogo com as entidades, principalmente com os estudantes. Estão impondo ma reforma imposta pelo Governo Federal, uma proposta de poder”, disse o presidente da associação de Docentes da UFMT, Carlos Roberto Sanches, ainda no começo da coletiva, antes mesmo dos alunos anunciarem a decisão de processar a reitoria.

A professora de sociologia Juliana Ghisolfi também atribuiu à reitora a responsabilidade do ocorrido e, para justificar isso, fez um apanhado histórico de ações que levaram até a manifestação de quarta-feira. O começo teria sido com a adesão da UFMT ao Reuni, que aumentou o número de vagas na universidade sem o aumento necessário em estrutura. Depois, em 2009, a adesão ao Enem como único método de ingresso na universidade.

“E naquela época ela falou que os alunos, truculentos e ditatoriais, a impediu de tomar a decisão e por isso ela precisou ir até a sede da OAB, para em um ato de democracia, assinar o documento com essa decisão”, disse a professora, em tom irônico, enquanto era aplaudida pelos alunos e professores presentes no auditório. Depois, ela continuou explicando o fato de o novo método faz com que venham mais alunos de outros estados para Mato Grosso, pois o método de concorrência é nacional. “Então, se vem mais gente de fora, como eles querem diminuir as vagas na casa do estudante agora? E nem aceitam dialogar com os alunos, então eles precisaram sair para as ruas e acontece isso”.

O confronto entre a os policiais e os estudantes aconteceu na tarde de quarta-feira, no cruzamento entre a avenida Fernando Correa e a Rua 1 do Boa Esperança, quando os policias da Rotan tentaram dispersar o protesto dos estudantes contra a decisão da Reitoria da UFMT de supostamente despejar 50 alunos da Casa do Estudante Universitário.

A PM alega ter revidado porque os alunos não queriam liberar o fluxo de veículos, impedindo ambulâncias de transitarem por lá. Contudo, dezenas de testemunhas presentes contam um versão diferente. Os policiais teriam dado 15 minutos para os estudantes liberarem as ruas, mas devido a negativa dos manifestantes teriam começado a atirar a queima-roupa contra os alunos.

Um total de seis alunos foi preso e pelo menos 10 foram parar no Ponto-Socorro para serem atendidos devido a ferimentos dos disparos de bala de borracha. Entre os próprios alunos presos estavam alguns dos mais feridos, tendo um deles sofrido 14 ferimentos de disparos, todos na região esquerda do tórax.






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