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Internacional
Quinta - 02 de Novembro de 2006 às 22:14

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Os membros do Grupo de Países da América Latina e do Caribe na ONU (Grulac) adiaram hoje a confirmação do Panamá como candidato de consenso para um assento no Conselho de Segurança, enquanto esperam o resultado das consultas de seus integrantes com suas respectivas capitais.

O adiamento foi divulgado após a reunião convocada pelo presidente em fim de mandato do Grulac, o embaixador do Equador, Diego Cordovez, o idealizador do acordo entre Venezuela e Guatemala, que abriram mão de suas respectivas candidaturas e aceitaram a indicação do Panamá.

Tem início então um período de espera, que segundo fontes diplomáticas não deve ser muito longo, pois a maior parte dos 33 países do Grulac concordam com a escolha do Panamá.

O embaixador do Chile na ONU, Heraldo Muñoz, disse que "alguns países precisam de mais tempo para consultarem suas capitais e depois será convocada outra reunião".

"É mais uma questão de metodologia que de substância. O Chile está a favor de preservar a unidade na América Latina e no Caribe, e por isto apoiamos a candidatura do Panamá", declarou.

Já o vice-presidente e chanceler do Panamá, Samuel Lewis Navarro, agradeceu a decisão "valente e generosa" da Venezuela e da Guatemala de escolherem deixar sua legítima aspiração a um posto no Conselho de Segurança em representação da América Latina.

"Caso seja alcançada uma candidatura de consenso do Panamá ficaremos cheios de orgulho apesar do compromisso que implica, mas gostaríamos que pudéssemos nos apresentar como candidato de apenas um grupo (em referência ao Grulac)", declarou o vice-presidente.

"É uma responsabilidade que não estávamos buscando e que nos pegou de surpresa. Nunca esteve em nossa agenda de política externa", acrescentou.

Apesar de a decisão ainda depender de confirmação, o vice-presidente panamenho afirmou que seu país "sempre foi um defensor do consenso na região".

Tanto a Venezuela como a Guatemala dizem que o mérito do Panamá é que pode servir de ligação entre o sul e o norte da América Latina, diante da polarização que a região vive nos últimos dias.

"O Panamá tem um sentido geográfico para a Guatemala por sua proximidade, mas tem um sentido histórico extraordinário com a Venezuela. Fomos uma só nação há cerca de 200 anos", disse o embaixador venezuelano, Francisco Arias Cárdenas.

"O Panamá é um tipo de dobradiça entre a América Central e a do Sul, que é uma única essência latino-americana", declarou.

Já o embaixador dos EUA na ONU, John Bolton, cujo país apoiou a Guatemala na disputa, comemorou o fato de a Venezuela não conseguir um assento no Conselho de Segurança.

"Os venezuelanos derrotaram a eles mesmos através de suas próprias estratégias. A derrota da Venezuela atinge basicamente nosso objetivo", afirmou.

Entre as táticas que custaram a cadeira à Venezuela, segundo Bolton, está o discurso do presidente Hugo Chávez proferido em setembro na tribuna da Assembléia Geral da ONU.

Chávez chamou o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, de "diabo" e afirmou que o líder americano queria ser o "dono do mundo".

"Muitos membros da Assembléia Geral tomaram suas declarações como um indício de como se comportaria no Conselho", afirmou o diplomata dos EUA.

A Venezuela acusou os EUA de ingerência na escolha e de pressionar os países a votarem contra ela.

Bolton disse que seu país normalmente não se envolve na decisão dos grupos regionais, mas desta vez tomou parte na disputa por causa da "ameaça que representava o obstrucionismo da Venezuela no funcionamento do Conselho".

Após elogiar a campanha realizada pela Guatemala, o diplomata expressou seu apoio ao Panamá como candidato de consenso.

Caso seja confirmada a candidatura do Panamá, seria a quinta vez que o país ocupa um assento não-permanente do Conselho, onde já esteve nos biênios 1958/1959, 1972/1973, 1976/1977 e 1981/1982.





Fonte: EFE

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