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Internacional
Quinta - 02 de Novembro de 2006 às 22:02

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O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, chega à XVI Cúpula Ibero-Americana neste final de semana em Montevidéu com seu projeto de liderança regional diminuído, depois de fracassar na tentativa de se integrar ao Conselho de Segurança da ONU.

Chávez se encontrará no Uruguai com os colegas latino-americanos depois de uma divisão da América Latina entre os que apoiaram a candidatura da Guatemala e os que respaldaram a Venezuela.

Durante três semanas, Guatemala e Venezuela se submeteram a 47 rodadas de votação na Assembléia Geral, sem que nenhum dos dois países conseguisse a maioria exigida de dois terços, até que na quarta-feira ambos concordaram com a postulação do Panamá.

A voz do Brasil se elevou até o final da contenda. O chanceler Celso Amorim alertou para a necessidade de um consenso "sem vencedores nem vencidos" dentro do Grupo Latino-Americano e do Caribe (Grulac) para evitar um "desgaste" da região.

O Brasil havia comprometido seu voto com a Venezuela, enquanto o Chile decidiu se abster.

Depois da retirada das candidaturas da Guatemala e da Venezuela, o embaixador americano na ONU, John Bolton, expressou satisfação por ter alcançado o "objetivo" de seu país na batalha latino-americana por uma cadeira no Conselho de Segurança, que era essencialmente a "derrota" da Venezuela.

"A derrota da Venezuela era basicamente nosso objetivo", admitiu Bolton.

"Os venezuelanos derrotaram a si mesmos, com várias estratégias equivocadas", afirmou Bolton, citando o discurso pronunciado em setembro pelo presidente Hugo Chávez diante da Assembléia Geral da ONU, durante o qual ele chamou seu colega americano, George W. Bush, de "diabo".

O discurso "foi visto por muitos membros da Assembléia como um sinal de como a Venezuela se comportaria no Conselho", disse Bolton.

"Não costumamos nos envolver nas decisões dos grupos regionais neste tipo de eleições", sustentou.

"Somente o fizemos desta vez por causa da ameaça que o obstrucionismo da Venezuela faria pesar sobre o Conselho", explicou o embaixador.

Após elogiar a campanha "decente e honrada" da Guatemala, outro país candidato a uma cadeira no Conselho de Segurança da ONU, Bolton se disse disposto a trabalhar com o Panamá, escolhido por consenso na noite de quarta-feira pelos dois candidatos para se retirarem da disputa.

A candidatura do Panamá recebe formalmente o apoio do Grupo dos países Latino-americanos e do Caribe da ONU nesta quinta-feira, e será avalizada em seguida pela Assembléia Geral das Nações Unidas.

Já o embaixador da Venezuela na ONU, Arias Cárdenas, afirmou que a solução de compromisso assinada com a Guatemala sobre a vaga latino-americana no Conselho de Segurança foi uma lição para os Estados Unidos, de que não podem impor sua vontade por "prepotência e chantagem".

"Ontem à noite finalmente conseguimos um entendimento. É uma decisão que dá muitas lições a todos, dá uma lição importante para a potência hegemônica do continente e do planeta", disse Arias Cárdenas, referindo-se a Washington.

O governo do presidente George W. Bush, segundo Caracas, "tentou impor" um candidato e boicotar o país.

"Washington não conseguiu concluir seu trabalho. Não conseguiu colocar seu candidato e não conseguiu nos tirar da disputa", disse Arias Cárdenas, depois que o Panamá se apresentou como candidato de compromisso na 47ª rodada da votação. Até então, a Guatemala chegou a ganhar 46, com um empate, mas sem conseguir a maioria necessária.





Fonte: AFP

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