Chávez comparece à cúpula Ibero-Americana com liderança regional diminuída
Chávez se encontrará no Uruguai com os colegas latino-americanos depois de uma divisão da América Latina entre os que apoiaram a candidatura da Guatemala e os que respaldaram a Venezuela.
Durante três semanas, Guatemala e Venezuela se submeteram a 47 rodadas de votação na Assembléia Geral, sem que nenhum dos dois países conseguisse a maioria exigida de dois terços, até que na quarta-feira ambos concordaram com a postulação do Panamá.
A voz do Brasil se elevou até o final da contenda. O chanceler Celso Amorim alertou para a necessidade de um consenso "sem vencedores nem vencidos" dentro do Grupo Latino-Americano e do Caribe (Grulac) para evitar um "desgaste" da região.
O Brasil havia comprometido seu voto com a Venezuela, enquanto o Chile decidiu se abster.
Depois da retirada das candidaturas da Guatemala e da Venezuela, o embaixador americano na ONU, John Bolton, expressou satisfação por ter alcançado o "objetivo" de seu país na batalha latino-americana por uma cadeira no Conselho de Segurança, que era essencialmente a "derrota" da Venezuela.
"A derrota da Venezuela era basicamente nosso objetivo", admitiu Bolton.
"Os venezuelanos derrotaram a si mesmos, com várias estratégias equivocadas", afirmou Bolton, citando o discurso pronunciado em setembro pelo presidente Hugo Chávez diante da Assembléia Geral da ONU, durante o qual ele chamou seu colega americano, George W. Bush, de "diabo".
O discurso "foi visto por muitos membros da Assembléia como um sinal de como a Venezuela se comportaria no Conselho", disse Bolton.
"Não costumamos nos envolver nas decisões dos grupos regionais neste tipo de eleições", sustentou.
"Somente o fizemos desta vez por causa da ameaça que o obstrucionismo da Venezuela faria pesar sobre o Conselho", explicou o embaixador.
Após elogiar a campanha "decente e honrada" da Guatemala, outro país candidato a uma cadeira no Conselho de Segurança da ONU, Bolton se disse disposto a trabalhar com o Panamá, escolhido por consenso na noite de quarta-feira pelos dois candidatos para se retirarem da disputa.
A candidatura do Panamá recebe formalmente o apoio do Grupo dos países Latino-americanos e do Caribe da ONU nesta quinta-feira, e será avalizada em seguida pela Assembléia Geral das Nações Unidas.
Já o embaixador da Venezuela na ONU, Arias Cárdenas, afirmou que a solução de compromisso assinada com a Guatemala sobre a vaga latino-americana no Conselho de Segurança foi uma lição para os Estados Unidos, de que não podem impor sua vontade por "prepotência e chantagem".
"Ontem à noite finalmente conseguimos um entendimento. É uma decisão que dá muitas lições a todos, dá uma lição importante para a potência hegemônica do continente e do planeta", disse Arias Cárdenas, referindo-se a Washington.
O governo do presidente George W. Bush, segundo Caracas, "tentou impor" um candidato e boicotar o país.
"Washington não conseguiu concluir seu trabalho. Não conseguiu colocar seu candidato e não conseguiu nos tirar da disputa", disse Arias Cárdenas, depois que o Panamá se apresentou como candidato de compromisso na 47ª rodada da votação. Até então, a Guatemala chegou a ganhar 46, com um empate, mas sem conseguir a maioria necessária.
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