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Internacional
Quarta - 01 de Novembro de 2006 às 06:44

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LONDRES - No primeiro estudo amplo e global sobre comportamento sexual, pesquisadores britânicos descobriram que as pessoas não estão perdendo a virgindade cada vez mais cedo, que a maior parte do sexo no mundo é feito por pessoas casadas e que não existe uma ligação sólida entre doenças sexualmente transmissíveis e promiscuidade.

O estudo será publicado nesta quarta-feira, como parte de uma série sobre saúde sexual e reprodutiva da revista britânica The Lancet.

A pesquisadora Kaye Wellings, da London School of Hygiene and Tropical Medicines e colegas analisaram dados de 59 países. Especialistas afirmam que os dados levantados no estudo serão úteis não apenas para eliminar mitos populares sobre comportamento sexual, mas para modelar políticas que melhorarão a saúde sexual em todo o mundo.

Wellings declarou-se surpresa com alguns dos resultados. "Alguns dos nossos preconceitos caíram por terra", disse ela, explicando que o grupo esperava encontrar comportamentos de maior promiscuidade em regiões como a África, onde as taxas de doenças sexualmente transmissíveis são maiores.

Esse não foi o caso, com informes de diversos parceiros surgindo com maior freqüência em países industrializados, onde a incidência dessas doenças é relativamente baixa.

"Há a percepção errônea de que existe muita promiscuidade na África, que seria uma das razões potenciais para a disseminação rápida do HIV", disse o médico Paul van Look, diretor de Saúde e Pesquisa Reprodutiva da Organização Mundial da Saúde (OMS), e que não tomou parte no estudo. "Mas essa visão não tem apoio nas evidências".

Wellings diz que isso implica que a promiscuidade pode ser menos importante do que fatores como pobreza e educação - especialmente o estímulo ao uso da camisinha - na transmissão dessas doenças.

O estudo também determinou que, ao contrário da crença popular, a atividade sexual não está começando cada vez mais cedo. Em praticamente toda parte, homens e mulheres têm suas primeiras experiências sexuais entre 15 e 19 anos, com as mulheres começando mais cedo que os homens.

Pesquisadores também descobriram que a maior parte das relações sexuais ocorre entre pessoas casadas, e que há uma tendência gradual para se adiar o casamento, mesmo em países em desenvolvimento. Embora isso represente um aumento previsível nas taxas de sexo pré-marital, especialistas afirmam que a tendência não representa, necessariamente, um comportamento mais perigoso.

Em alguns casos, mulheres casadas podem correr mais perigos que as solteiras. "Uma mulher casada é mais capaz de negociar o sexo seguro, em certas circunstâncias, que uma mulher casada", disse van Look, destacando que mulheres casadas da África e da Ásia muitas vezes são ameaçadas por maridos infiéis que freqüentam prostitutas.

Há muito mais igualdade entre homens e mulheres quanto ao número de parceiros sexuais nos países ricos, em comparação aos pobres, mostra o estudo. Por exemplo, homens e mulheres na Austrália, Grã-Bretanha, França e EUA tendem a ter um número de parceiros praticamente igual.

Em contraste, em Camarões, Haiti e Quênia, homens tendem a ter várias parceiras, enquanto as mulheres tendem a ter apenas um. Essa disparidade é explicada pelos dados de faixa etária: as parceiras suplementares dos homens provavelmente são mulheres mais jovens - na África, dos 15 aos 19 anos a atividade sexual é maior entre meninas que entre meninos. Esse desequilíbrio tem implicações importantes para a saúde pública. "Em países onde a mulher está presa ao parceiro homem, ela provavelmente não terá o poder de exigir a camisinha, e não saberá das transgressões do marido", diz Wellings.

Na América do Sul - especialmente, diz o artigo, no Brasil - mais homens do que mulheres informam ter tido um ou mais parceiros sexuais recentes, mas sem a disparidade de faixa etária: os homens informam fazer mais sexo que as mulheres em todos os grupos de idade. Segundo o estudo, essa informação levanta a questão de "com quem os homens estão fazendo sexo". Os autores especulam que a cultura machista do mundo latino pode estar levando os homens a exagerar (e as mulheres, a omitir) experiências sexuais.




Fonte: Agência Estado

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