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Internacional
Quarta - 01 de Novembro de 2006 às 01:17
Por: Assimina Vlahou

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O Vaticano anunciou nesta terça-feira que o arcebispo de São Paulo, Dom Cláudio Hummes, foi indicado papa Bento 16 para ser o novo prefeito da Congregação para o Clero.

As principais funções da Congregação são cuidar da formação intelectual permanente do clero, da promoção e formação religiosa dos fiéis, sugerir causas de beatificação e canonização, administrar bens eclesiásticos e conceder dispensas do sacerdócio.

A congregação foi fundada em 1564 e é uma das nove congregações e um dos 11 pontifícios conselhos, que formam os “ministérios” do papa.

A posse de Hummes como “ministro” ainda não esta marcada. Ele vai substituir o colombiano Dario Castrillon Hoyos, que, ao completar 75 anos de idade, conforme indica o código de direito canônico, apresentou a renuncia ao pontífice, que a aceitou.

Uma vez confirmado no cargo, Dom Cláudio terá que se mudar para o Vaticano e um substituto para ele terá que ser nomeado para liderar a arquidiocese de São Paulo.

Crise no catolicismo Para o vaticanista Sandro Magister, a decisão de Bento 16 é uma demonstração de grande estima do papa pelo trabalho do cardeal brasileiro.

De acordo com Magister, Hummes demonstrou qualidades muito apreciadas no Vaticano durante sua atividade como arcebispo de São Paulo.

“O cardeal Hummes mostrou grande capacidade de colher e analisar as mudanças da condição religiosa no sul do mundo, ocorridas nos últimos anos”, observou Sandro Magister, em entrevista à BBC Brasil.

O papa Bento 16 teria ficado impressionado com o discurso que Hummes fez durante o sínodo dos bispos, em outubro do ano passado, no Vaticano. Naquele discurso, o cardeal denunciou a grave crise do catolicismo na América Latina e no Brasil em particular.

Logo depois deste pronunciamento, o arcebispo de São Paulo esteve com o pontífice. Foi durante aquele encontro que o papa decidiu marcar sua viagem ao Brasil para maio de 2007, escolhendo Aparecida como sede da 5° conferência geral do episcopado latino-americano.

“A escolha de Hummes nasceu daquela denúncia”, na opinião de Magister. “O papa se convenceu que devia dedicar forte atenção a este problema.”

Congregação “Hummes nada tem a aprender de seus antecessores”, diz o vaticanista Magister. Em sua opinião, até agora “a congregação para o clero não fez praticamente nada” para reconquistar os fieis que deixam a igreja católica para aderir a outras religiões.

De acordo com a analise de Magister, o passado de Dom Cláudio pode dar forte contribuição para a nova estratégia evangelizadora do Vaticano.

“Em sua biografia, Hummes dá prova de ter passado por uma fase de proximidade à teologia da liberação, às lutas camponesas e sucessivamente de se aproximar aos movimentos carismáticos, que são a grande novidade dos últimos anos.”

Segundo Magister esses movimentos se caracterizam por uma identidade crista mais forte. Eles têm uma visão tradicionalista e uma moralidade mais rigorosa, sendo contrários, mais que a media dos católicos, a aborto, eutanásia e divórcio.

“É um cristianismo muito difundido a nível popular que não existe só no Brasil, mas em toda a América Latina, Ásia e África”, disse Sandro Magister.

A experiência de Hummes no campo do mundo carismático e a denúncia que fez a respeito da crise do catolicismo na América Latina, além de sua grande preparação, são os motivos que levaram o papa a escolher o cardeal brasileiro como prefeito da congregação para o clero, na visão do vaticanista.

Antes de Dom Cláudio, apenas dois outros brasileiros ocuparam cargos tão importantes no Vaticano: Dom Lucas Moreira Neves - prefeito da congregação para os bispos (de 1998 a 2000) e Dom Agnelo Rossi, prefeito da congregação para a evangelização dos povos (de 1970 a 1984 ) e decano do colégio cardinalício até 1993.




Fonte: BBC Brasil

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