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Internacional
Terça - 31 de Outubro de 2006 às 11:00

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O primeiro-ministro da Grã-Bretanha, Tony Blair, maior aliado do presidente dos EUA, George W. Bush, na guerra do Iraque, pode sofrer uma derrota constrangedora no Parlamento na terça-feira devido à forma como vem atuando no conflito.

A eventual derrota aumentaria as pressões para que o dirigente britânico reavalie a estratégia adotada no Iraque em um momento no qual políticos do país e até o chefe do Exército da Grã-Bretanha questionam as justificativas para manter os soldados britânicos no território iraquiano.

Pequenos partidos nacionalistas da Escócia e do País de Gales apresentaram uma moção pedindo que a liderança do governo revise a forma como a questão iraquiana vem sendo tratada, obrigando o Parlamento a discutir pela primeira vez, em mais de dois anos, a guerra no Iraque.

Blair e Bush vêm sendo bastante criticados devido à violência persistente no país árabe e ao crescente número de baixas entre as forças britânicas e norte-americanas que atuam na região. Pesquisas mostram que a maior parte dos moradores da Grã-Bretanha defende a retirada dos soldados o quanto antes.

Alguns membros do Partido Trabalhista (de Blair) contrários à guerra devem rebelar-se, ameaçando impor uma derrota à bancada majoritária do governo.

"O Iraque é o maior desastre de política externa dos últimos 50 anos", afirmou Adam Price ao canal de TV Sky, do partido nacionalista Plaid Cymru, do País de Gales. O desastre anterior, de proporções semelhantes, segundo o parlamentar, teria sido a crise do canal de Suez, em 1956.

"Precisamos realmente saber como o governo conseguiu errar tanto nos preparativos para a guerra. E precisamos também catalogar os erros que vimos durante a ocupação."

Os conservadores, maior bloco da oposição, defendem a realização de um inquérito, mas ressaltam que tal medida não precisa ser adotada neste momento.

O porta-voz dos conservadores para as questões de política externa, William Hague, disse que, se a moção for aprovada, o governo teria de apresentar propostas para a realização de um inquérito.

MENSAGEM DE DÚVIDA

Blair disse que não mudará a estratégia de manter os soldados no Iraque até que as forças do país estejam prontas para garantir a estabilidade. David Cameron, líder dos conservadores, tem dado apoio a essa política, afirmando que as forças britânicas precisam continuar no Iraque enquanto o governo iraquiano assim o quiser.

Segundo o porta-voz do premiê, uma derrota do governo na votação que deve acontecer às 16h (horário de Brasília) enviaria uma mensagem errada para os soldados britânicos e os insurgentes iraquianos.

"Imagine os efeitos que isso terá amanhã no Iraque. O que não se pode fazer em uma situação na qual soldados realizam uma missão no exterior é enviar uma mensagem de dúvida ou de fraqueza", afirmou. "Essa mensagem chega não apenas a nossos soldados, mas também aos que estão enfrentando-os."

O chefe do Exército britânico, Richard Dannatt, provocou uma polêmica neste mês ao dizer que a presença das forças britânicas no Iraque estava piorando a situação do país árabe e que elas deveriam ser retiradas dali dentro em breve.

Blair liderou o Partido Trabalhista em três vitórias eleitorais sucessivas, mas as desavenças em torno do Iraque e a oposição a algumas de suas políticas domésticas minaram seus índices de popularidade, obrigando-o a anunciar sua saída do cargo dentro de um ano.

O premiê obteve apoio do Parlamento para a guerra no Iraque pouco antes da invasão lançada em março de 2003, e isso apesar de cerca de um terço dos deputados trabalhistas terem se rebelado.

A Grã-Bretanha realizou dois inquéritos a respeito de questões relacionadas com a guerra no Iraque. Um relatório do Lorde Butler, divulgado em 2004, eximiu Blair da acusação de adulterar informações de serviços de inteligência sobre o Iraque, mas denunciou os erros desses órgãos.

Um segundo relatório inocentou Blair da culpa pelo suicídio de David Kelly, especialista no arsenal iraquiano.





Fonte: Reuters

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