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Economia
Segunda - 30 de Outubro de 2006 às 00:06
Por: Debóra Siqueira

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O anúncio do governo argentino de reduzir a tarifa de exportação da farinha de trigo de 20% para 10% segura, por enquanto, o reajuste no preço do pão francês em Mato Grosso. O derivado do grão é o principal componente na fabricação do pão, biscoitos e massas.

A Moinho Trigoeste, uma das distribuidoras de farinha de trigo no Estado, compra a farinha de trigo exclusivamente da Argentina e revende a saca de 50 kg a R$ 60. "Em setembro, a tonelada estava cotada em US$ 195 a tonelada, neste mês passou para US$ 218, um reajuste de 15% e a tendência era aumentar ainda mais, porém, a medida de queda na taxa de exportação segurou os preços, mas não sei até quando, o cenário é de incertezas", avalia o diretor da empresa, Marcos Silvestre.

Outra fornecedora das panificadoras de Mato Grosso, a Casa do Padeiro, também adquire a farinha argentina e o proprietário da empresa, Wellington Mamed, acredita que logo o preço vai subir.

No Estado, o quilo do pão francês varia entre R$ 5,50 a R$ 7 e enquanto não subir o preço da saca da farinha de trigo aos panificadores, o consumidor não sentirá os reflexos da alta dos preços.

"O custo da saca da farinha não alterou, mas caso o valor seja majorado, o setor vai repassar aos cliente final. O insumo representa 34% do custo total da fabricação do pão", alerta o presidente do Sindicato das Indústrias de Panificação de Mato Grosso (Sinpan) e proprietário da Panificadora Vovó Hélide, Luiz Garcia.v A baixa oferta atual do grão somada à redução da área plantada no Brasil em quase 26% em relação a safra 2005/2006, com queda de produtividade estimada em 32,4%, pressiona os preços para cima. Em Mato Grosso não há previsão de plantio este ano, segundo os dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Na safra passada, 2005/2006, o Estado plantou 5 mil hectares de trigo, produzindo 1,7 milhão de toneladas.

No Sul do Brasil os preços do trigo alcançaram a mesma cotação da saca de soja, relação que não era vista há 10 anos. "O Brasil necessitará importar cerca de 7,1 milhões de toneladas para abastecer o mercado interno e a Argentina terá dificuldades para atender a nossa demanda, pois perdeu mais de 4 milhões de toneladas em na produção prevista", destaca o engenheiro agrônomo da Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural (Empaer), Hortêncio Paro.

A alternativa para evitar a dependência do mercado externo é investir na produção local. Paro aponta que, com a obrigação do vazio sanitário da soja em Mato Grosso, em especial nas áreas sob irrigação, o trigo passa a ser uma opção de exploração, pois a palhada reduz a ocorrência do fungo da ferrugem asiática.

O Sinpan solicitou à Secretaria de Estado de Desenvolvimento Rural (Seder) a implantação da Câmara Técnica do Trigo no Conselho de Desenvolvimento Agrícola.




Fonte: A Gazeta

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