Malhação repete velhas fórmulas e desagrada

Há dez anos no ar, Malhação é considerado um produto de sucesso para a Globo. Trampolim de novos talentos e capaz de discutir assuntos polêmicos como, por exemplo, gravidez na adolescência, homossexualismo e racismo, a novela chamou a atenção dos jovens e tornou-se a "queridinha" da emissora.

Sempre com boa audiência, chegou a alcançar 42 pontos em 2004, a maior média até hoje, quando os protagonistas eram Guilherme Beringuer e Juliana Didone. Contava ainda com as apresentações do grupo musical Vagabanda, que revelou Marjorie Estiano como cantora. Mas, se o telespectador esperou por novidades na fase de 2006, pode ter se decepcionado.

Atualmente, o ibope não é o mesmo dos "áureos" tempos, apesar de manter a boa média de 30 pontos de audiência. O "folheteen" demonstra sinais de cansaço, com histórias repetitivas e personagens parecidos. Toda temporada traz uma mesma história de amor, da qual todo mundo já sabe o final. A única coisa que muda é o elenco.

O romance da vez é o de Manuela e Cauã, vividos respectivamente por Luiza Valdetaro e Bernardo Barreto. Não foge à regra de outras temporadas. Isso, desde 1999, quando a então academia de ginástica se transformou no Colégio Múltipla Escolha. O mocinho ama a mocinha, mas ambos não encontram a felicidade porque um casal de vilões está sempre armando para separá-los.

Na atual trama, os protagonistas são pouco carismáticos e, como sempre, politicamente corretos. Um tédio.

Outro ponto negativo é a forma ingênua como acontecem os casamentos na novela, sempre com muita facilidade. São "lindos sonhos românticos". Desta vez, quem vai subir ao altar é Urubu e Jaque, vividos por Marco Antônio Gimenez e Joana Balaguer.

Depois de muito aprontarem na fase anterior, eles se redimiram, pagaram por seus "pecados" e agora fazem parte da "galera do bem", o que lhes garante acesso a um final feliz.

Já o Giga - barzinho "point" dos alunos do colégio - continua "mais do mesmo". Quem não assiste a novela há algum tempo e volta a ver Malhação, vai notar que a lanchonete continua sendo o local das festas e dos encontros dos jovens. Dona Vilma, interpretada por Bia Montez, continua firme e forte no comando do bar.

É um modelo de gestão. A empreendedora tirou da falência o bar freqüentado apenas por estudantes que enrolam horas nas mesas sem consumir quase nada.

Com tantas repetições, Malhação apela para o humor, responsável pelos momentos de maior dinamismo da novela. Nesta temporada, uma dupla garante boas risadas: Raquel e Daniel, interpretadas pelos veteranos Cláudia Ohana e Marcelo Novaes. Morando no mesmo prédio, o casal que vivia em "pé de guerra" e tinha diferenças intransponíveis, acabaram transformando o "ódio em amor" e protagonizam cenas divertidas com seus filhos adolescentes.

Uma outra dupla cômica é vivida por Ícaro Silva e Bernardo Mendes. Na trama, eles são os inseparáveis amigos Rafa e Bodão, que dão à história uma bem-vinda molecagem adolescente.

A próxima temporada da novela promete mudar esse perfil. Para 2007, a idéia é renovar todo o elenco e, desta vez, sem exceção. Assim, quem sabe, a ela consiga mudar o rumo das histórias e voltar a ser tão atraente quanto já foi um dia. "Malhação" - Globo, de segunda a sexta, às 17:30 h.