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Internacional
Sexta - 27 de Outubro de 2006 às 09:50

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Os muçulmanos são menos de três por cento dos 300 milhões de habitantes dos Estados Unidos e ainda têm poder político limitado, mas isso está mudando segundo especialistas.

A comunidade muçulmana está se mobilizando para cadastrar eleitores e levá-los a votar nas eleições legislativas de 7 de novembro. E isso ocorre num momento em que seus interesses políticos podem ser acentuados com a provável eleição do primeiro muçulmano para o Congresso.

O favorito nesta corrida é Keith Ellison, norte-americano convertido ao islã, que disputa uma vaga num reduto democrata de Minneapolis. Ele deve se tornar também o primeiro parlamentar negro de Minnesota.

A candidatura dele "está sendo acompanhada muito atentamente pela comunidade muçulmana de todo o país", segundo um ativista de Chicago, onde mais de 1.000 eleitores muçulmanos se registraram pela primeira vez para votar nas últimas semanas.

Para Louise Cainkar, pesquisadora do Instituto Grandes Cidades, da Universidade de Illinois-Chicago, a provável eleição de Ellison terá "um grande significado simbólico", mas os avanços políticos dos muçulmanos continuarão sendo bastante graduais.

"Os muçulmano-americanos estão emergindo como uma voz a ser reconhecida pela sociedade norte-americana. Não acho que tenham poder ainda. É preciso antes reconhecer que você tem o direito de fazer parte do discurso. Eles estão trabalhando nisso agora, e em algum grau conseguiram", afirmou ela.

"Mas muita gente não quer que essa voz surja", disse ela, lembrando que no passado os irlandeses, os judeus e outros recém-chegados também enfrentaram resistências para ocupar espaços na política norte-americana.

Segundo Cainkar, há entre seis milhões e oito milhões de muçulmanos nos EUA. Embora seja pouco em comparação à população total, eles tendem a viver em bolsões urbanos, numa concentração que, pelo sistema eleitoral dos EUA, pode levar à vitória de determinados candidatos.

Ellison foi escolhido candidato democrata no seu distrito com forte apoio dos imigrantes somalis que ali vivem.

Em todo o país, há cerca de dois milhões de muçulmanos aptos a votar, o que inclui cerca de 30 mil que se registraram nas últimas semanas, segundo Mukit Hossain, que coordena a campanha de alistamento eleitoral da Sociedade Muçulmana Americana.

Segundo ele, neste ano há "um sentido de urgência" para que os muçulmanos votem maciçamente, devido a políticas do governo Bush vistas como prejudiciais às liberdades individuais e de confronto com países islâmicos.

A campanha mantém quiosques em mesquitas de todo o país, mas se concentra mais em 12 Estados. Pesquisa recente mostra que 42 por cento dos eleitores muçulmanos são democratas, 17 por cento são republicanos e 28 por cento não têm afiliação partidária.

Os muçulmanos nos EUA não conseguiram ir além das administrações locais, segundo Ahmed Rehab, diretor-executivo do Conselho de Relações Americano-Islâmicas em Chicago.

"Há dez anos, o maior desafio da comunidade muçulmana era a sua própria imaturidade política, (falta de) organização e compreensão do processo político", afirmou. Desde então, segundo ele, os muçulmanos passaram a ser mais engajados em questões importantes.

"O maior desafio que enfrentamos hoje não é mais a maturidade política, mas a resistência de grupos de direita que consideram problemático o engajamento muçulmano. Já estamos vendo isso com a saga de Keith Ellison. Tornou-se uma questão de quem ele é quais são suas ligações passadas."





Fonte: Reuters

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