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Nacional
Sexta - 27 de Outubro de 2006 às 01:07

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A revista Economist afirma em seu editorial desta quinta-feira que, caso o presidente Luiz Inácio Lula da Silva seja reeleito no próximo domingo, deverá "liderar um debate sobre a reforma econômica da qual o Brasil tanto precisa". "Esta campanha não ofereceu tal debate", diz a revista.

Segundo o editorial, Lula recuperou a margem de liderança nas pesquisas de intenção de votos em parte graças à sua campanha contra as privatizações realizadas pelo PSDB (partido de seu opositor, Geraldo Alckmin) durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, entre 1995 e 2002. Diante dessa campanha, afirma o texto, Alckmin sentiu-se obrigado a garantir que não iria fazer privatizações.

"O próximo governo do Brasil faria bem em retomar as privatizações", afirma a revista. "A rejeição dos candidatos à privatização seria compreensível se a economia estivesse avançando com vigor. No entanto, o país está ficando para trás em vários indicadores de competitividade, graças a um setor público e um sistema previdenciário extravagantes."

Mudança de tom Além do editorial, a edição da Economist traz ainda uma reportagem sobre as eleições presidenciais no Brasil. "Após uma campanha agressiva, o presidente brasileiro terá de buscar consenso e reforma", afirma o texto.

Conforme a reportagem, Lula venceu as eleiçoes de 2002 com o slogan "Lulinha, Paz e Amor" mas, neste domingo, deverá ser reeleito depois de uma campanha na qual "paz e amor foram mais raros que neve na Amazônia".

A revista diz que "o medo das privatizações exacerbou uma campanha já agressiva". A Economist afirma que Alckmin garantiu uma vaga no segundo turno ajudado por um "escândalo de última hora do tipo que o Partido dos Trabalhadores produziu como pipoca nos últimos quatro anos".

O descontentamento com o governo nas regiões Sul e Centro-Oeste, "nas quais a seca e a valorização do real prejudicaram a agricultura e algumas indústrias" também beneficiou Alckmin, segundo o texto.

Ataques Em um mês de campanha desde o primeiro turno, diz a Economist , Lula ampliou sua margem de liderança para 20 pontos percentuais. "Nos debates, Lula conseguiu fazer os escândalos em série do PT parecerem quase uma virtude", diz o texto. A reportagem cita declarações em que o presidente afirma: "O tempo em que as coisas eram varridas para baixo do tapete acabou".

"A tática de Lula funcionou especialmente bem com os 7% dos eleitores que apoiaram Heloísa Helena", diz o texto. "Muitos que a apoiaram em protesto contra a corrupção do PT agora pensam que (Lula) é preferível à suposta ânsia de Alckmin por privatizações."

A revista cita os diversos ataques entre os dois candidatos. "O mais grave é que tudo isso abafou a discussão sobre a questão que mais importa: como aumentar a taxa de crescimento do Brasil", afirma a Economist.

A reportagem diz ainda que os partidários de Lula temem que a oposição tente derrubar o presidente (caso seja reeleito) bloqueando a legislação. Segundo a revista, os opositores de Lula podem acabar controlando o Congresso.

"Se for reeleito, o presidente terá de agir rapidamente para curar as feridas que ele próprio abriu. Caso contrário, ele poderá culpar apenas a si mesmo", afirma a revista.




Fonte: BBC Brasil

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