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Polícia Brasil
Sexta - 27 de Outubro de 2006 às 00:46

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O comerciante Charles Fernandes, de 25, foi preso em flagrante acusado de tortura e cárcere privado contra seu funcionário, o caixa de lanchonete Adriano Geraldo da Silva, de 18. O crime ocorreu por volta das 22 horas, depois que o comerciante percebeu a falta de R$ 200 na lanchonete localizada no bairro Cristo Rei, da qual é proprietário. Ele acusou Geraldo de ter pego o dinheiro, mas o funcionário negou ser autor do furto.

Então, o patrão o agrediu fisicamente, acertando-lhe socos na boca e no tórax. Não satisfeito, ainda amarrou as mãos do funcionário, e o amordaçou. Em seguida, retirou a prótese da perna esquerda do rapaz e a escondeu no forro do estabelecimento. Por último, o comerciante tirou a roupa do rapaz à procura do dinheiro desaparecido, mas não conseguiu localizar nada.

Adriano aproveitou que o patrão estava nervoso e havia deixado a porta aberta para fugir do local, e ,pulando numa perna só, ele correu até a casa da vizinha. Lá, pediu a ela para acionar a Polícia Militar, que atendeu o chamado e prendeu o comerciante. Este, ainda demorou em mostrar onde havia escondido a prótese usada pelo funcionário.

Na Delegacia Regional de Várzea Grande, o delegado plantonista Luiz Fernando da Costa, o autuou por diversos crimes. “Além de tortura, ele foi autuado por cárcere privado, ameaça e lesão corporal. O rapaz está todo lesionado, inclusive com o nariz sangrando”, assegurou. A tortura é considerada um crime hediondo.

Além do exame de lesão corporal, o delegado anexou como prova um pedaço de plástico usado pelo agressor para amordaçar a vítima. “A muito custo, os policiais localizaram a prótese escondida na casa. Sem ela, o rapaz não tem como se locomover”.

Conforme revelação do caixa, ele estava trabalhando há dois meses na lanchonete e nesse período nunca tinha tido qualquer problema. “Não sei de dinheiro algum. Não vi o dinheiro que sumiu”, afirmou o caixa. No início da manhã, ele foi levado ao IML (Instituto de Medicina Legal) para ser submetido a exame de lesão corporal.

Morador no bairro Cristo Rei, Adriano estava desempregado e conseguiu trabalho como caixa há duas semanas. Seus problemas, no entanto, são maiores. Aos quatro anos de idade ele foi atropelado por um ônibus em Várzea Grande, acidente no qual ele perdeu a perna esquerda tendo que ser submetido a uma intervenção cirúrgica em São Paulo.

Aos 16 anos, o garoto conseguiu uma perna mecânica, mas como ele continuou crescendo, a prótese ficou pequena. Ele agora quer ajuda para trocá-la. “Não tenho dinheiro para isso ainda”, completou Adriano. (AR)




Fonte: Diário de Cuiabá

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