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Internacional
Quinta - 26 de Outubro de 2006 às 19:37

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O primeiro-ministro francês, Dominique de Villepin, prometeu hoje sanções "imediatas e exemplares" contra os autores de distúrbios nos bairros conflituosos, onde cresce a tensão na véspera do primeiro aniversário da onda dos tumultos ocorridos em dezenas de "guetos" urbanos da França.

"Não podemos aceitar o inaceitável", afirmou o chefe do Governo conservador em sua 16ª entrevista coletiva mensal, em encontro que aconteceu em um bairro da periferia da capital, onde anunciou medidas educativas para reformar a orientação escolar e preparar melhor a inserção profissional.

Algumas horas antes que Villepin rejeitasse enfaticamente que haja "áreas sem lei e de impunidade", dois ônibus tinham sido assaltados e incendiados por dois grupos de encapuzados, vários deles armados, em dois bairros dos arredores de Paris, Bagnolet e Nanterre, sem que houvesse feridos.

Em Athis-Mons, também durante a noite, três jovens jogaram um coquetel Molotov em um ônibus após obrigar os passageiros a descerem do coletivo. O motorista conseguiu debelar as chamas rapidamente.

Em um gueto urbano perto de Lyon (sudeste) que aparece entre as dezenas de bairros conflituosos castigados pelos distúrbios de há um ano, um ônibus vazio foi incendiado.

Também na quarta-feira dezenas de jovens apedrejaram carros particulares e da Polícia em Grigny (arredores de Paris), em uma aparente represália pelo indiciamento de dois jovens, de 18 e 13 anos, por terem incendiado um ônibus no domingo.

A empresa de transporte urbano anunciou hoje que prevê desviar as rotas de certos ônibus para que evitem as áreas conflituosas, depois que ontem à noite o serviço de 17 linhas foi interrompido.

A queima de ônibus acontece após várias perseguições policiais contra jovens nos guetos urbanos da região parisiense, à medida que se aproximava o aniversário das revoltas de 2005.

Os serviços de informação da Polícia advertiram que a situação é explosiva, especialmente na periferia de Paris, e que muitas das condições que levaram à onda de violência que se estendeu a quase 300 guetos urbanos em 2005 e levou o Governo a decretar o estado de emergência continuam.

O estopim daqueles distúrbios em bairros marcados pelo desemprego, pela delinqüência e pela concentração de imigrantes de várias gerações foi a morte acidental em Clichy-sous-Bois de dois jovens que, para fugir da Polícia, se refugiaram em um transformador elétrico.

Perguntado hoje sobre se teme a expansão dos incidentes na região de Paris para outros bairros, como há um ano, Villepin assegurou: "nossa vigilância e compromisso devem ser constantes".

O que tem acontecido nestes dias exige "respostas imediatas, prisões. Elas acontecerão e serão tomadas "sanções imediatas e exemplares", prometeu.

Diante do problema nos bairros, é preciso "uma política global responsável: as mesmas regras devem ser aplicadas a todos", sentenciou.

Em matéria de segurança, se requer uma presença "republicana cotidiana em campo" para responder às necessidades e controlar a situação; uma Polícia que detenha os culpados, e uma "Polícia de investigação" para promover as ações necessárias que levem à detenção dos culpados, explicou.

Assinalou que também é preciso trabalhar no campo educacional e revitalizar a economia, fomentando o emprego nos bairros conflituosos, para o qual já se tomaram medidas.

Rejeitou as acusações que "não se fez nada para os bairros".

"Isto não posso aceitá-lo", disse o primeiro-ministro ao citar uma série de medidas já empreendidas.

E reforçou que, os problemas não serão resolvidos "em um dia", mas seu Executivo colocou em prática uma "ação ampla de longo prazo" da qual se começam a perceber "os primeiros efeitos".

Enquanto isso, a oposição socialista na câmara dos deputados reivindicou hoje a criação de uma comissão de investigação sobre a situação nos bairros conflituosos para avaliar os meios mobilizados pelo Estado e diagnosticar seu "impacto efetivo".





Fonte: EFE

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