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Polícia Brasil
Quinta - 26 de Outubro de 2006 às 18:30

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O menor L.M. (16), acusado de ter assassinado o pai, a mãe e o irmão a facadas no dia 14 deste mês, continua detido em uma cadeia para adolescentes em Cáceres. Segundo a Delegacia da Criança e do Adolescente do município, ele está isolado dos outros presos por questões de segurança.

Os laudos técnicos de necrópsia e de local de crime foram encaminhados ontem para o Ministério Público Estadual. Os promotores devem apresentar denúncia contra o menor nos próximos dias.

O açougueiro Nivaldo Cruz Gonçalves (33), a professora Júlia Messias da Cruz Gonçalves (43), e o filho deles, de três anos de idade foram mortos a facadas dentro de casa, no dia 14 de outubro. Naquela madrugada, L.M. (16), que era filho adotivo, ficou assistindo TV até 1h, esperando os pais irem dormir para que ele pudesse cometer o duplo homicídio no quarto deles. 'Ele estava de castigo naquele dia, e planejou a morte dos pais durante todo esse período', disse a escrivã Gláucia Garcia, em entrevista ao RMT Online.

De acordo com as investigações da Polícia Civil de Cáceres, o menor teve uma infância com traumas. 'Aos dois anos de idade, ele viu a mãe biológica morrer, vítima de uma infecção'. Uma professora de jardim de infância disse à polícia que, durante uma atividade escolar, ele fez o desenho do caixão da própria mãe. O menor também chegou a fazer desenhos de uma das avós, que sofria problemas com o alcoolismo.

Na escola, ele apresentava certa agressividade com os colegas. Chegou a mudar de colégio várias vezes por causa desse comportamento. Ele foi aluno durante pouco tempo da mãe adotiva, que dava aulas de inglês, mas acabou tendo que mudar de escola novamente. Segundo testemunhas, ele tirava a autoridade de Júlia em sala de aula.'Alguns professores disseram que a idade emocional do adolescente era menor do que a idade biológica. Quando ele tinha 12 anos, apresentava o comportamento de uma criança de 8 anos', informou a escrivã.

Gláucia disse ainda ao RMT Online que o acusado é apático e não demonstra arrependimento pelos crimes. Nas palavras dela, 'ele não tem noção da gravidade do que fez, da dimensão do estrago na vida dele e de outras pessoas'.

Segundo os laudos da perícia, há possibilidade de outras pessoas terem participado do crime, mas não há indícios que possam provar isso. O juiz que vai julgar o caso deve pedir a reconstituição do crime.

Se for condenado, L.M., por ser menor de idade, vai ficar na prisão até os 21 anos.

O crime

Depois de se certificar que os pais estavam dormindo, o menor foi até a cozinha, pegou duas facas e se dirigiu ao quarto dos pais. A primeira vítima do adolescente foi o pai, atingido por 13 golpes de faca. Assustada com o barulho, Júlia Messias da Cruz Gonçalves acordou e também foi esfaqueada. Agonizando, ela levantou e acendeu a luz, para ver quem era o autor do homicídio. O menor contou à polícia que Júlia chegou a falar com ele, mas acabou morrendo pouco tempo depois, próximo ao interruptor de energia do quarto do casal.

Enquanto os pais eram assassinados, o irmão de L.M. (16), de três anos de idade, acordou e começou a chorar. Depois de cometer os crimes, o adolescente tirou a criança do berço e tentou acalmá-lo, dando-lhe um copo d'água. Depois, começou a assistir TV com o menino, para tentar fazê-lo dormir. Como não conseguiu, o menor colocou o irmão na cama e também o matou a facadas.

Quando perguntado pela polícia por que tinha matado o irmão de três anos, o adolescente respondeu: 'Se eu não fizesse isso, ele ia ficar traumatizado'. O menino viu os pais serem assassinados.

Depois de cometer o triplo homicídio, o menor, que é réu confesso, se limpou, lavou as duas facas usadas no crime, pegou dinheiro na carteira dos pais e saiu. L.M. jogou as facas em um terreno baldio e depois foi para um bar com os amigos, na tentativa de forjar um álibi para a polícia. Por volta das 5h da manhã, voltou à residência e ligou para a polícia informando que a casa havia sido assaltada e que a famía tinha sido assassinada.

O adolescente disse aos policiais que o pai deixou a porta aberta para ele entrar e que os bandidos se aproveitaram desse fato para invadir a casa. No decorrer das investigações, os indícios levantados na cena do crime começaram a apontar para o adolescente. Entre eles, a polícia descobriu digitais na porta do quarto semelhantes a do acusado, que, de imediato, negou ser o autor do triplo homicídio, dizendo que estava desde as 22h no bar. A polícia descobriu depois que ele chegou no local por volta das 2h.

Como a tentativa de simular um assalto seguido de homicídio não deu certo, o acusado resolveu, horas depois, confessar o triplo homicídio. O menor disse à polícia que queria 'se livrar dos pais'. O adolescente está detido desde o dia 14 de outubro.





Fonte: Da Redação

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