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Internacional
Quinta - 26 de Outubro de 2006 às 14:46
Por: Isaac Bigio

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No Equador, o voto é obrigatório. No entanto, três dos nove milhões de inscritos não votaram e, entre os que o fizeram, 1/5 votou nulo ou branco. Nenhum dos dois candidatos que foram para o segundo turno obtiveram sequer 1,5 milhões de votos (1/6 do eleitorado). Isto demonstra a falta de confiança da população em suas elites.

No segundo turno, em 26/11, é crucial dirigir-se a esta metade do eleitorado que não votou em ninguém. Também é importante atrair aqueles que votaram em outros candidatos no primeiro turno.

O empresário milionário Álvaro Noboa tentou realizar uma polarização do tipo Peru (“Todos contra Chávez”), mas com a diferença que Caracas não se imiscuiu nas eleições no Equador e que o eleitorado está mais à sua esquerda (e não, como no Peru, à direita de Alan García). Com um discurso muito anticomunista, Noboa (que tem 27% dos votos válidos) consegue o apoio de quem votou em outras forças de direita, mas acaba de impelir a “esquerda democrática” (15% dos votos) para Rafael Correa, que obteve 23% dos votos.

Correa, por sua vez, sente a pressão para “moderar” suas propostas. Os 18% dos votos obtidos por Gutiérrez se convertem em um fator chave do ex-presidente para negociar com os dois candidatos.

Seja qual for o próximo presidente, quatro coisas são certas: 1) Será um dos mandatários latino-americanos que menos votos terá obtido no primeiro turno; 2) Terá minoria no Congresso (algo chave num país onde é usual que o Legislativo derrube o Executivo); 3) Herdará um país instável e polarizado; 4) Possivelmente será outro dos muitos governos equatorianos que não terminam seu mandato.

Social-cristãos

A candidata Cynthia Viteri não chegou nem a 10% dos votos válidos no Equador, ficando em quinto lugar no primeiro turno. Assim chega-se, pela primeira vez em quase três décadas, a uma situação inédita na América Latina: não há um só país liderado por um partido social-cristão.

Dos dois partidos associados à internacional democracia cristã, só o PAN mexicano, debilmente, se manteve no poder, enquanto que os “tucanos” brasileiros dificilmente conseguirão superar Lula.

Em todos os países onde o socialismo cristão esteve no governo (El Salvador, Costa Rica, Venezuela, Equador e Chile), hoje se encontra minimizado.

Enquanto que os nos quatro primeiros países foram defasados por outras forças de direita, no Chile (e no Uruguai) conseguiram sobreviver aliando-se aos partidos de centro-esquerda para participar do governo.

O partido social-cristão que tem tido melhor desempenho é o PPC peruano, o único que superou 1/5 dos votos. Mas este não pode consolidar a frente que estruturou em torno de si e não lidera a oposição. O socialismo cristão avança no Velho Mundo, mas retrocede no Novo.

(*) O analista internacional e ex-professor da London School of Economics Isaac Bigio é peruano e especializado em América Latina. Assina uma coluna diária no jornal peruano Correo e escreve às terças e sextas para BR Press. Tradução: Angélica Resende/BR Press.





Fonte: Analisis Global

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