Preço do trigo atinge o da soja no sul do Brasil
No estado do Paraná, na média histórica dos últimos 10 anos, uma saca de trigo vale 0,72 saca de soja, mas a relação atual é de 0,98, ou seja, os preços do trigo e da soja praticamente se equivalem.
A valorização do trigo é alavancada pela baixa oferta atual e também pela perspectiva de redução da próxima temporada. No Brasil, segundo a Conab, a área plantada neste ano é quase 26% menor que na safra 2005/06, com queda de produtividade estimada em 32,4% devido à estiagem e às geadas no Paraná e no Rio Grande do Sul, principais produtores nacionais.
Com isso, aumenta a dependência brasileira do trigo importado, que já é grande. No mercado internacional, por sua vez, os preços também estão bastante elevados, oscilando nos maiores níveis dos últimos dez anos. Essas cotações seguem em alta desde o início de outubro, fundamentadas na expectativa de quebras na Federação Russa, Estados Unidos, Austrália e União Européia.
Segundo pesquisas do Cepea o estoque mundial do produto se mantém reduzido, sendo os menores dos últimos 25 anos. No Hemisfério Norte, maior região produtora, a colheita só acontecerá no segundo trimestre de 2007; já para produtores do Hemisfério Sul (Austrália e principalmente Argentina) o trigo está em fase intermediária de desenvolvimento, com colheita ainda esse ano. Porém, já é fato que a safra argentina sozinha não conseguirá abastecer nosso mercado, o que significa que o Brasil terá que pagar preços mais altos de outras origens.
Segundo estimativa da Conab, as importações do produto devem atingir 7,77 milhões de toneladas, aumento de 24% em relação à safra 2005/06 e de 46% sobre a safra 2004/05 (5,31 milhões de toneladas). Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), na temporada 2006/07, as compras brasileiras devem custar ao País mais de US$ 1 bilhão.
Com a diminuição da oferta nacional, a participação do Brasil deve cair de 1% para 0,4% do total produzido de trigo no mundo. A próxima safra brasileira deve ser de 2,4 milhões de toneladas, contra 596,1 milhões de toneladas em nível mundial.
Pesquisadores do Cepea destacam que essa pequena relevância da safra nacional traz prejuízos de renda aos produtores de trigo, pois a menor produção não é compensada, na mesma proporção, por aumentos de preços. Nesta temporada, a queda de renda dos produtores decorre do menor volume produzido e também da menor qualidade da safra, pois boa parte da produção será vendida como triguilho para ração, a baixos valores. Essa situação, vale ressaltar, é típica para produtos que têm grande comércio com o exterior – como é o caso do trigo.
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