Chirac e Hu Jintao defendem cooperação ampla e reforçada
Em declaração conjunta de nove páginas assinada no Grande Palácio do Povo, os dois líderes afirmam a decisão de fortalecer a cooperação já existente entre seus países e de introduzir outras que dêem resultado a longo prazo.
Entre as últimas, estão os setores do meio ambiente e a ajuda à África, continente que interessa muito à China e onde a França tem experiência.
"No terreno político, ambas as partes se comprometem a multiplicar os encontros, ampliar o diálogo estratégico de qualidade que permitiu fortalecer a cooperação pragmática e buscar acordos em assuntos internacionais de importância", afirma o documento.
"Também confirmamos a intenção de realizar consultas sistemáticas e de trabalhar juntos na solução de crises internacionais, para o estabelecimento de uma ordem caracterizada pelo desenvolvimento sustentável, paz, estabilidade e crescimento econômico", acrescenta.
Em sua quarta visita de Estado à China, Chirac aproveitou o comparecimento conjunto à imprensa, para elogiar o apoio chinês às sanções impostas à Coréia do Norte após o teste nuclear de 9 de outubro, e seu esforço em tentar retomar as negociações multilaterais para conseguir uma península coreana desnuclearizada.
Também destacou a atitude positiva da China ao anunciar sua decisão de participar da Força Interina das Nações Unidas no Líbano (Finul).
O presidente francês disse concordar com seu colega chinês sobre a necessidade de a crise nuclear do Irã ser resolvida através do diálogo e de Teerã renunciar "ao enriquecimento de urânio, antes de negociar a oferta apresentada pela UE".
Tanto na nota escrita como nas declarações à imprensa, Chirac reiterou que a França reafirma o princípio de "uma única China, e se opõe a qualquer iniciativa que aumente a tensão no Estreito de Taiwan e sua independência".
A defesa do sistema multilateral, regional ou mundial na ONU, cuja reforma é prioritária para aumentar sua eficácia, em relação aos princípios da Carta das Nações Unidas, a criação do Conselho dos Direitos Humanos e os Objetivos do Milênio também são destacados no documento.
Chirac se reuniu depois com o presidente da Assembléia Nacional Popular (ANP), Wu Bangguo, e com o primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, antes de realizar a conferência "A cooperação franco-chinesa, uma ambição para a paz e o progresso", na Universidade de Beijing.
Os dois presidentes assistiram à assinatura de 14 acordos de cooperação em setores tradicionais e em outros, como meio ambiente, telecomunicações, serviços financeiros, agricultura e agroalimentar.
Pequim e Paris ampliarão a cooperação em áreas como educação (com o intercâmbio de estudantes), energia nuclear, saúde (com a pesquisa de doenças infecciosas), ferroviária e aeronáutica.
Neste último, está o acordo marco assinado hoje para a compra de 150 aviões A-320 da Airbus.
Trata-se do maior pedido obtido pelo fabricante europeu e inclui opções de compra para 20 aviões do modelo A-350, e foi assinado em Pequim por representantes da Airbus e da estatal Corporação Chinesa de Importação e Exportação de Provisões de Aviação.
O acordo abrange também a construção de uma base de montagem de aviões na China.
O compromisso de compra supera a encomenda de 150 aviões A-320 pela China, assinado em dezembro de 2005 durante a visita de Wen Jiabao à França, avaliados em cerca de US$ 10 bilhões na época.
O preço de catálogo do A-320 é de US$ 66,7 milhões, mas o final depende da configuração das aeronaves e das condições da negociação.
Segundo especialistas, a aviação civil chinesa é o mercado com mais potencial de crescimento no mundo, disputado pela Boeing, Airbus e outras empresas como a Embraer e a canadense Bombardier, pois calcula-se que a China precisará de 2.800 aviões nos próximos 20 anos.
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