Venezuela e Guatemala buscam novo candidato para a ONU
A Assembléia Geral da ONU retomou a votação na quarta-feira, com a Guatemala derrotando a Venezuela por 109 a 72 — menos que os dois terços necessários entre os 192 membros.
Os chanceleres dos dois países devem se reunir na quinta-feira em Nova York para tentar apontar um candidato de consenso para a vaga latino-americana em disputa, de acordo com fontes diplomáticas.
A Venezuela apresenta essa disputa como uma batalha contra os Estados Unidos e o embaixador norte-americano na ONU, John Bolton. Washington vem dando forte apoio à candidatura guatemalteca.
Os novos fatos surgiram durante uma reunião dos 35 países latino-americanos e caribenhos da ONU, convocada diante do impasse.
Na semana passada, foram realizados 35 turnos de votação. Houve empate em uma ocasião, e nas demais a Guatemala venceu por uma margem superior a 20 votos — aquém, entretanto, dos 128 necessários para a eleição.
"Eles aceitam em princípio que vão retirar suas candidaturas, mas não se definiram por um terceiro país", disse o embaixador brasileiro na ONU, Ronaldo Sardenberg.
"Nós os incentivamos a alcançar uma solução rapidamente, e manifestamos nossa disposição por um consenso. Se eles conseguirem, nosso grupo pode adotar uma solução consensual", acrescentou.
Durante a reunião a portas fechadas, não surgiram novos nomes, mas o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, disse que a Bolívia, governada por seu aliado Evo Morales, pode ser uma boa solução.
"Eu e o povo da Venezuela nos sentiríamos dignamente representados pelo camarada Evo Morales e pelo povo da Bolívia, que é uma nação irmã", disse Chávez na quarta-feira em uma conferência de mulheres em Caracas.
Mas o chanceler guatemalteco, Gert Rosenthal, deixou claro no domingo que a Bolívia seria inaceitável. Outros países citados como candidatos alternativos são Uruguai, Paraguai, Costa Rica e República Dominicana.
Diplomatas latino-americanos insistiram na quarta-feira, porém, que a escolha deve se dar entre Guatemala e Venezuela.
O embaixador chileno na ONU, Heraldo Muñoz, disse que o bloco latino-americano e caribenho deixaria os atuais adversários decidirem um eventual terceiro candidato.
"Qualquer consenso do grupo se baseia no acordo entre os dois candidatos, e por isso a reunião de amanhã entre os chanceleres dos candidatos é tão importante", disse Muñoz.
(Reportagem adicional de Evelyn Leopold na ONU, Saul Hudson e Enrique Andres Pretel em Caracas, Mica Rosenberg na cidade de Guatemala e Carlos Quiroga em La Paz)
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