Bush expressa insatisfação com situação no Iraque
Em entrevista coletiva realizada na Casa Branca, Bush, que falava em tom sombrio, fez uma análise da Guerra do Iraque muito distante do otimismo de meses atrás, embora tenha insistido em seu apoio ao primeiro-ministro iraquiano, Nouri al-Maliki.
Faltando duas semanas para as eleições legislativas nos EUA, a grave situação no Iraque se transformou no principal problema do Governo e do Partido Republicano que, segundo prevê a maioria das pesquisas, será derrotado pelo descontentamento popular com o andamento da guerra.
Em outubro, morreram até agora 90 soldados americanos no país árabe, o que transforma este mês no mais violento em um ano e eleva o número de baixas para aproximadamente 2.800 desde o começo da guerra, em março de 2003.
Na entrevista coletiva de hoje, Bush reconheceu que não há uma "fórmula fácil" para resolver o conflito.
Muitos americanos "não estão satisfeitos com a situação no Iraque. Eu também não estou", assegurou o governante.
O aumento das baixas americanas fez com que se multiplicassem as vozes, em particular entre a oposição democrata, que pedem maior pressão sobre Bagdá para que assuma mais responsabilidades e para que as tropas americanas possam retornar aos EUA o mais rápido possível.
O Governo dos EUA respondeu a essas chamadas com o anúncio, na terça-feira, em Bagdá, de um calendário estipulado com o Governo iraquiano para que o país árabe assuma mais rapidamente a responsabilidade pela segurança em seu território e para pôr fim à violência entre xiitas e sunitas.
O embaixador dos EUA, Zalmay Khalilzad e o comandante-em-chefe das tropas americanas no Iraque, o general George Casey, fizeram o anúncio em entrevista coletiva na qual Maliki não esteve presente.
Hoje, Bush afirmou que não tinha "a menor idéia" sobre a razão dessa ausência.
"Pressionamos os líderes iraquianos para que tomem medidas ousadas para salvar seu país. Estamos deixando claro que a paciência dos EUA não é ilimitada", afirmou o presidente.
No entanto, afirmou que, pelo menos por enquanto, Maliki conta com o apoio dos Estados Unidos "enquanto continuar adotando decisões difíceis".
"Não faremos mais pressão sobre o Governo iraquiano do que ele pode suportar", assegurou Bush, que reiterou que "o pressionaremos, mas não vamos levá-lo ao ponto de não alcançar o objetivo".
Anteriormente, em entrevista coletiva em Bagdá, Maliki se distanciou do calendário anunciado pelos EUA e criticou uma ação militar americana em Sadr City, bairro xiita de Bagdá.
"Os americanos têm o direito de rever suas estratégias, mas não acreditamos em um calendário e ninguém nos imporá tal coisa", afirmou o primeiro-ministro iraquiano.
Como os demais funcionários de seu Governo, Bush resistiu a falar em "prazos", ao mencionar o calendário, e em vez disso, insistiu que se tratam de "pautas" ou "parâmetros".
Bush, em algumas ocasiões que esteve na defensiva durante a entrevista coletiva, rejeitou também as acusações da oposição democrata de que manteve uma estratégia muito rígida no Iraque e de que isso prejudicou o andamento da guerra.
O governante assegurou que, desde a invasão americana, os insurgentes mudaram sua estratégia, assim como os EUA.
"Nossas metas são imutáveis, mas nossos métodos para alcançá-las são flexíveis", afirmou o presidente.
A guerra, acrescentou, "não será resolvida apenas no terreno militar", também é necessário "alcançar uma solução política".
Bush descartou uma retirada rápida do Iraque. Os cerca de 140 mil soldados americanos no país árabe permanecerão até a formação de um Governo estável e a violência esteja controlada.
"A derrota dos terroristas é essencial para vencer o extremismo no Oriente Médio", assegurou.
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