"Foi feita Justiça", diz mãe de vítima de maníaco
Assim que foi proferida a sentença, Rita recebeu abraços de amigos, parentes e dos membros das entidades de defesa da criança e do adolescente que atuam no Maranhão e que acompanharam de perto o sofrimento da família. Durante todo o tempo, eles estiveram presentes no local do júri.
Depois de enxugar as lágrimas, Rita cumprimentou o advogado de defesa do réu, Erivelton Lago. "Fiquei muito feliz de a senhora ter vindo falar comigo", disse Lago retribuindo o gesto.
A condenação de chagas a 20 anos em regime inicialmente fechado por homicídio duplamente qualificado e ocultação de cadáver, sem o direito de apelar em liberdade já estava sedo esperada por representantes das organizações não governamentais.
Para o coordenador do Centro de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente, padre Marcos Passerine, o resultado do julgamento foi satisfatório. "Agora vamos torcer para que os outros casos do Maranhão e Pará sejam julgados coletivamente para acelerar o processo", disse Nelma Pereira da Silva, coordenadora da entidade.
Foi essa ONG que denunciou o Estado brasileiro a à Organização dos Estados Americanos (OEA) por omissão na investigação e responsabilização dos culpados no caso dos meninos emasculados, em São Luís, Passo do Lumiar e São José de Ribamar, no Maranhão, e em Altamira, no Pará. Os episódios ficaram conhecidos como o caso dos meninos emasculados, e tiveram grande repercussão internacional.
Márcio Brandão, 33 anos, juiz titular da comarca de São José de Ribamar, que presidiu o júri, também gostou do resultado do julgamento. Logo depois de proferir a sentença, ele agradeceu a ajuda de profissionais de várias instituições que se empenharam e colaboraram para que tudo transcorresse bem. "Me sinto orgulhoso de ter trabalhado com vocês", disse Bradão. "Estou me sentindo aliviado. Agora eu espero que os outros processos tenham continuidade o mais rápido possível."
O presidente da comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) no Maranhão, Pedro Jarbas, o julgamento foi irretocável. "Foi um trabalho ímpar. Um trabalho muito bem conduzido", elogiou.
O advogado de Chagas, Erivelton Lago, defendeu duas teses, a da semi-imputabilidade e a da inimputabilidade. Lago disse que gostaria que o réu fosse considerado inimputável, o que não aconteceu, porque o júri entendeu que chagas é semi-imputável. Ele disse ainda que, se for convidado para defender novamente Francisco das Chagas, só o fará se os processos estiverem na forma de crime continuado.
Francisco das Chagas Rodrigues de Brito vai cumprir a pena na penitenciária São Luís, na capital. Como ele já foi jurado de morte pelos outros presos, provavelmente dividirá uma cela numa área isolada com outro serial killer, o Corumbá, acusado de estuprar e matar várias mulheres nos Estados do Maranhão, Bahia e Goiás.
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