Em respeito à competência
O assunto merece esse registro justamente pela evolução operacional e estratégica da PM nesse caso e, certamente, em outros. Há que se registrar que já houve época em que esse tipo de operação produzia grandes conflitos com violência e confrontos.
A situação é delicada por si só. Não bastassem as questões sociais que se escondem por detrás do drama dos assentados, existe ainda a profunda manipulação da qual são vítimas pelas metodologias do MST.
Na realidade, não assisti no campo a ação policial, mas amigos muito próximos, por dever de ofício, estiveram lá e relataram-me o que também relatou o coronel-PM Antonio Moraes, comandante regional da área.
Acompanhei a montagem da estratégia de operação. Confesso que impressionaram-me alguns fatos como o profundo conhecimento das estratégias de ação do MST em campo e durante operações de desocupação de terras. O movimento tem toda uma metodologia de guerrilha que passa por uma série de ações como construir barreiras com crianças, com mulheres e com crianças, até o recurso final do confronto.
Mesmo não querendo o confronto sangrento, a tática de provocação faz parte da reação, de modo a que haja razões para que a mídia possa explorar qualquer ocorrência, mesmo que propositadamente provocada para esse fim. Os oficiais da PM conhecem todas as estratégias, de tal modo que realizar uma operação de apoio à ação de retomada de área por oficiais de justiça, é uma operação de guerra, justamente para evitar a guerra.
A coisa vai desde o uso dos armamentos policiais, o tipo de uniforme, as proteções adequadas, a distribuição de grupos sobre áreas anteriormente mapeadas e a escolha dos oficiais que farão as tarefas definidas. Fiquei impressionado com a organização, especialmente porque procurou-se preservar a imagem da instituição e o mínimo de exposição de vidas de ambos os lados a qualquer tipo de violência.
Conversei com oficiais como o Major Edgar Maurício Monteiro, que já tem experiência anterior. Seguro e equilibrado, assim como o tentente-coronel Mauro Anselmo de Moraes Ribeiro. Tomo a liberdade de citar todos os oficiais envolvidos na operação, por um dever de justiça e por reconhecimento à competência profissional que, confesso, surpreenderam-me, substituindo a minha imagem de uma polícia despreparada para lidar com situações sociais delicadas: tenentes Walderson da Silva Sá, Fábio Mota Sousa, Kleiton Gomes Santiago, Jorge Almeida, Victor Lúcio do Prado, Bruno Marcel S. Tocantins. Eles dirigiram uma tropa de 93 homens envolvidos na operação, que não teve sequer discussões com os ocupantes da área. Do mesmo modo, não se dificultou o trabalho de cobertura jornalística da imprensa de Sinop.
Prometi ao coronel-comandante Antonio Moraes, que escreveria este artigo em respeito à grata surpresa de ver uma polícia atualizada lidando com situações atuais, e mostrando competência. Grata surpresa! Onofre Ribeiro é articulista deste jornal e da revista RDM onofreribeiro@terra.com.br
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