Programa de energia de Lula omite nuclear, que será prioridade
Sem saber explicar o motivo da ausência do assunto no documento, o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e secretário executivo da Comissão Temática do PT, Maurício Tolmasquim, admitiu que o tom do programa de energia do partido é de continuidade, mas ressaltou que a energia nuclear faz parte sim dos planos do governo.
"A (energia) nuclear é uma prioridade do governo sim...no segundo mandato...não se colocou (no programa) porque não foi decidida ainda", se atrapalhou Tolmasquim ao responder a jornalistas durante o lançamento do programa.
Ele argumentou que o Brasil tem a sexta reserva de urânio do mundo, o que abriria espaço para a energia nuclear se tornar mais forte na matriz energética brasileira, hoje com peso de apenas 2,5 por cento.
"Terá energia nuclear nela (matriz energética), mas não estão definidas quantas usinas, o presidente é que vai decidir", explicou. Além da construção de Angra 3, que tem 80 por cento dos seus equipamentos já adquiridos, é possível que pequenas usinas também sejam construídas, indicou Tolmasquim.
Acompanhado por petistas ou aliados que integram cargos de estatais —entre eles o presidente da Eletrobrás, Aloisio Vasconcelos; a presidente da BR Distribuidora, Maria das Graças Foster; o diretor de Exploração e Produção da Petrobras, Guilherme Estrella; e o presidente da ANP, Haroldo Lima— Tolmasquim apresentou para cerca de 200 pessoas mais um balanço do que propostas.
Com 34 páginas, onde o nome do antecessor Fernando Henrique Cardoso aparece quase tanto quanto o do próprio Lula, devido às comparações em relação ao governo anterior, o programa só veio a público agora porque "levou tempo para ser impresso", informou Tolmasquim.
"Esse programa é a melhor oportunidade que temos de comparar os dois governos", justificou o executivo, que não soube responder porque não havia programa de energia no 1o turno, "era apenas um esboço", informou.
Do total de páginas, cerca de sete são de propostas para o segundo mandato, que também já são conhecidas, como a construção das usinas hidrelétricas de Belo Monte e Rio Madeira e a interligação do sistema isolado do Norte do país. Segundo Tolmasquim, a falta de novidades e a imensa quantidade de verbos como manter e continuar indicam que as decisões até o momento foram acertadas.
"Se vocês querem uma linha central, a linha central é de continuidade, claro que corrigindo rumos, aprimorando, mas é continuidade", avaliou.
Mudanças radicais no entanto eram defendidas por participantes do ato, que panfletavam palavras de ordem como o fim dos leilões de petróleo e gás promovidos pela Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustível (ANP).
Presente na mesa principal, o presidente da ANP, Haroldo Lima, que comandará o 8o leilão da agência, marcado para novembro, ainda tentou, muito sem graça diante dos jornalistas, desestimular um dos manifestantes.
"Não faz isso, isso é contra o Lula", argumentou sem sucesso com o panfleto na mão.
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