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Internacional
Segunda - 23 de Outubro de 2006 às 17:22

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A polícia da Hungria usou gás lacrimogêneo e balas de borracha contra milhares de manifestantes que protestavam contra o governo nesta segunda-feira (23), tumultuando a comemoração dos 50 anos do levante de 1956 contra o domínio soviético.

A polícia também usou canhões de água, e alguns manifestantes de direita jogaram pedras e outros objetos contra os policiais. O serviço de ambulância disse que entre 20 e 25 pessoas ficaram feridas, embora não de maneira grave. Um policial levou uma facada na mão.

Enquanto a polícia tentava fazer os manifestantes recuarem para o ato público, afastando-os do Parlamento, a multidão conseguiu tomar um tanque T-34 da era soviética --exposto como parte das comemorações-- e o dirigiu contra os policiais.

Segundo repórteres da Reuters, a polícia lançou centenas de bombas de gás lacrimogêneo e usou a polícia montada para tirar os manifestantes das ruas, e paralelepípedos foram lançados contra a tropa de choque.

As manifestações contra o governo do premiê socialista Ferenc Gyurcsany vêm ocorrendo há mais de um mês, desde o vazamento de uma gravação na qual ele admitiu ter mentido sobre a economia do país para ganhar as eleições de abril.

Gyurcsany vem resistindo às pressões pela renúncia, e, com o apoio dos socialistas e de aliados parlamentares, ganhou o voto de confiança do Parlamento para prosseguir com suas austeras políticas econômicas.

No Parlamento, o premiê disse que em 1956 a única opção dos húngaros era se rebelar e que hoje o país é uma nação moderna e democrática. A Hungria realizou suas primeiras eleições livres em 1990 e entrou na União Européia em 2004.

"Apesar do descontentamento e da decepção muitas vezes justos, a maioria dos húngaros acredita que a democracia parlamentar é a mais adequada para expressar a vontade do povo", disse ele.

Mesmo antes do vazamento da admissão de Gyurcsany, no dia 17 de setembro, parte da direita já questionava se as comemorações deveriam ser comandadas pelos socialistas, herdeiros dos comunistas, que permaneceram no poder por 33 anos depois de os soviéticos terem esmagado o levante.

Cerca de 2.600 húngaros morreram combatendo soldados soviéticos. Mais de 200 foram executados pela atuação no levante, e 200 mil fugiram do país.

A Hungria, que tem 10 milhões de habitantes, é marcada pela divisão política, e as eleições são decididas por umas poucas dezenas de milhares de votos.

"Estou aqui porque temos de combater este governo, temos de destruí-los", disse Laszlo Toth, 76, que participou do ato público na praça Korvin, que contou com a presença de veteranos de 1956.

"Quando eu tinha 19 anos fui preso e levado para a rua Andrassy (a sede da polícia secreta). Confessei qualquer coisa para que eles parassem de me bater. Estou aqui pela geração mais jovem", disse ele.

O líder do partido Fidesz, de direita, Viktor Orban, pediu aos manifestantes que não ajam com violência, mas disse na manifestação, à qual compareceram cerca de 100 mil pessoas, segundo a agência estatal MTI, que o país está diante de um governo "ilegítimo" e exigiu um referendo para as reformas econômicas.

Na campanha eleitoral, Gyurcsany prometeu reduzir impostos, mas mudou de discurso depois de assumir o cargo e impôs uma série de aumentos de impostos e de cortes de benefícios para conter o déficit público, que atingirá 10,1 por cento do PIB este ano.

"A confusão atual é por causa de um homem, que levou o país a uma crise política e moral ao iludir as pessoas", disse Orban na manifestação.





Fonte: Reuters

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