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Internacional
Segunda - 23 de Outubro de 2006 às 15:53

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As celebrações do 50º aniversário da revolução húngara de 1956 contra os soviéticos foram marcadas nesta segunda-feira por violentos conflitos em Budapeste entre manifestantes e a polícia, que atirou com balas de borracha e utilizou gás lacrimogênio.

Perto do local do conflito, o chefe do principal partido de oposição conservador, Viktor Orban, dirigiu-se a uma multidão de quase 40.000 pessoas para exigir novamente a demissão do primeiro-ministro, o socialista Ferenc Gyurcsany, um ex-comunista.

Desde o início da tarde, centenas de policiais tentavam dispersar vários milhares de manifestantes perto da Praça do Parlamento com gás lacrimogênio e jatos d''água.

Os manifestantes percorreram as ruas de Budapeste pela manhã depois que entre 200 e 300 deles foram perseguidos à noite por 2.000 policiais na Praça Kossuth, diante do Parlamento, ocupada há mais de um mês.

Foi lá que ocorreu na segunda-feira uma parte das cerimônias oficiais organizadas pelo governo de Gyurcsany para o 50º aniversário da revolução de 1956. Os manifestantes pedem a renúncia do primeiro-ministro há um mês.

À tarde, a polícia atirou balas de borracha contra os manifestantes de extrema direita reunidos perto da praça Elisabeth, próxima ao Parlamento, constatou um fotógrafo da AFP.

Vários manifestantes ficaram feridos, segundo este fotógrafo. A televisão húngara informou sobre quatro ou cinco pessoas levemente feridas.

Os manifestantes usaram um velho caminhão e um tanque soviético expostos por ocasião das cerimônias do 50º aniversário como barricadas para se proteger dos policiais, que avançavam. Um pequeno grupo de manifestantes conseguiu dirigir o tanque e percorrer uma centena de metros. A polícia o recuperou depois de jogar granadas de gás lacrimogênio.

Em seguida, a maior parte dos manifestantes de extrema direita foi dispersada em alguns minutos pela polícia montada, constatou um jornalista da AFP. Mas os manifestantes se agruparam novamente à noite no centro de Budapeste.

O porta-voz dos serviços de socorro, Pal Gyorfi, declarou no início da noite ao canal de TV privado RTL que as ambulâncias haviam transportado 25 pessoas levemente feridas.

Perto do local dos conflitos, o principal partido de oposição conservador, o Fidesz, que boicota as cerimônias oficiais do 50º aniversário, reuniu quase 40.000 pessoas na Praça Astoria.

Seu chefe, o ex-primeiro-ministro Viktor Orban, pediu novamente a demissão do socialista Ferenc Gyurcsany. "Hoje, 50 anos depois da revolução e 16 anos após a queda do comunismo, ainda há milhões de húngaros que não se sentem livres", gritou Orban para a multidão.

"Para eles, a mudança de sistema não trouxe a libertação", declarou. Segundo ele, os culpados não foram punidos. "O governo mentiroso faz com que o povo pague por seus erros: um país inteiro se voltou contra o governo ilegítimo", lançou.

A multidão respondeu: "Saia, Gyurcsany ! Saia !" Os meios de comunicação húngaros revelaram no dia 17 de setembro uma gravação na qual Gyurcsany, durante uma reunião a portas fechadas, admitia ter mentido sobre sua política de rigor econômico para assegurar a reeleição em abril de 2006.

As cerimônias oficiais começaram na manhã de segunda-feira com o hasteamento de bandeiras com as cores nacionais diante do parlamento, ao som do hino da Hungria democrática. Depois os convidados de honra depositaram rosas brancas diante do monumento de mármore negro dedicado à revolução.

Os delegados, entre eles cerca de 20 chefes de Estado europeus, adotaram uma "Declaração da Liberdade - 1956".

"Os heróis de 1956 (...) lutaram por todos aqueles que na Europa e no mundo viviam sob uma ditadura", declarou o presidente da Comissão européia, José Manuel Barroso.

A insurreição começou no dia 23 de outubro de 1956 com uma manifestação de estudantes e foi reprimida com um banho de sangue no dia 4 de novembro pelos tanques enviados por Moscou. A repressão deixou 2.800 mortos e 12.000 feridos entre os húngaros e provocou a fuga para o oeste de 200.000 pessoas.





Fonte: AFP

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