Saldo da balança comercial de eletroeletrônicos cai 84% até agosto
Dados da Eletros (Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos) mostram que o saldo --diferença entre exportações e importações-- do setor recuou de US$ 156,63 milhões para US$ 24,21 milhões no período comparado.
Essa queda é resultado da diminuição no valor das exportações e do significativo crescimento das importações --estimuladas pela desvalorização do dólar em relação ao real.
De janeiro a agosto, as exportações de eletroeletrônicos de consumo somaram US$ US$ 417,9 milhões, um recuo de 0,86% na comparação com igual período do ano anterior (US$ 421,53 milhões).
Já as importações do setor cresceram 48,6% e atingiram US$ 393,68 milhões no acumulado dos primeiros oito meses deste ano.
"As exportações não decolaram conforme previsto devido à insegurança jurídica no comércio intra-Mercosul, especialmente com a Argentina, e devido à falta de condições de acesso preferencial a novos mercados como México, União Européia e Estados Unidos, entre outros fatores", afirmou o presidente da Eletros, Paulo Saab.
Saab destacou que o governo não conseguiu articular uma ação efetiva de política comercial para garantir condições de acesso preferencial do país a esses mercados.
"O governo brasileiro vem privilegiando as negociações comerciais com os países mais pobres, aqueles situados abaixo da linha do Equador, para os quais concedeu perdão de dívidas, mas isto não tem garantido nenhum acordo relevante para a indústria brasileira com os países desenvolvidos, e que são mercados potenciais", acrescentou o presidente da Eletros.
Exportações
Os dados da Eletros revelam que a queda nas exportações de eletroeletrônicos foi mais acentuada no segmento de portáteis --recuaram 13,11%.
A redução das vendas externas ocorreu principalmente nas linhas onde a concorrência chinesa é muito forte, como as de secadores e modeladores de cabelos, tostadores, cafeteiras e espremedores de frutas.
Na linha branca, houve um incremento das exportações de 0,41%, puxado por freezers verticais --avanço de 34,24% em relação aos primeiros oito meses de 2005--; secadoras de roupa --aumento de 69,72%-- e condicionadores de ar --alta de 26,63%.
No segmento de imagem e som, as exportações tiveram leve aumento de 0,8%, com destaque para sistemas de som --expansão de 93%-- e rádios-gravadores --avanço de 45,44%.
Os televisores, que são o carro-chefe das exportações do segmento de imagem e som, tiveram uma queda de 3,57%, devido à questão cambial e às barreiras alfandegárias da Argentina.
"Os fabricantes instalados no país mantêm suas vendas no mercado externo graças à qualidade dos seus produtos e preços competitivos, mas isto não tem sido suficiente para ampliar as exportações e, assim, reverter o impacto do aumento das importações na balança comercial do setor", disse Saab.
Importações
As importações da linha branca registraram aumento de 126,86% sobre os primeiros oito meses do ano passado, atingindo US$ 50,97 milhões de janeiro a agosto de 2006.
No segmento de portáteis, aumentaram 86,62%, atingindo o total de US$ 65,84 milhões. Na linha de imagem e som, o incremento foi de 33,68%, com importações de US$ 276,87 milhões.
Saab explica que o valor das importações de imagem e som é o maior do setor eletroeletrônico de consumo em razão dos aparelhos de DVD, cuja grande parte é importada.
No total, o Brasil importou US$ 127,13 milhões de DVDs de janeiro a agosto deste ano, ou seja, 27,91% mais do que em igual período do ano passado.
Outras linhas de produtos, entretanto, registram crescimento percentual mais expressivo, indicando uma mudança no perfil do mercado.
É o caso, por exemplo, dos fornos de microondas, com um aumento de 363,87%; aspiradores de pó --crescimento de 285%--, refrigeradores --incremento de 195,85%--, mini-fornos --aumento de 122,82%-- e televisores em cores --expansão de 120,28%
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