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Segunda - 23 de Outubro de 2006 às 07:58

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Os Enawene-Nawê foram contatados pela primeira vez em julho de 1974 por uma expedição liderada pelo missionário Vicente Cañas e pelo então padre jesuíta Tomaz de Aquino Lisboa, na região do rio Camamaré, em Juína.

Começava ali um trabalho extremamente cuidadoso, cuja determinação de impedir epidemias – que haviam dizimado outros povos nas mesmas circunstâncias – se tornou um modelo para o indigenismo. “Antes dele, o histórico de contatos era terrível para os índios”, aponta o padre Aloir Pacini.

No final de 1975, Cañas manifestou interesse em viver com a etnia, mas isso só foi possível em 1977. Neste intervalo, conviveu também com os Mynky, dos quais recebeu um nome indígena, Kiwxi.

Entre os Enawenê-Nawe, participou de rituais, pescarias, trabalhos de roça, busca de mel e produção de artesanato. Chegou a despertar conflito entre colegas missionários, que viam em sua transformação um caminho equivocado.

Para o bispo aposentado de São Félix do Araguaia, Pedro Casaldáliga, Cañas foi uma figura emblemática da história missionária. “É um quixote. Dificilmente se encontrará na história missionária alguém que tenha assumido a inculturação com tanta radicalidade”, avalia o religioso, que o considera como um mártir da causa indígena. “É pena que, passados 19 anos, ainda tenhamos tantas obscuridades em torno de sua morte. Esperamos que seja feita a justiça”. (RV)





Fonte: Diário de Cuiabá

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