Autoridades sírias voltam a deter escritor opositor
"Um juiz do Palácio de Justiça decidiu manter as acusações contra Kilo, por expor a Síria ao perigo de atos hostis, humilhar o sentimento nacional, degradar a reputação do Estado e incitar desavenças sectárias", relatou Amar Qorabi, porta-voz da Organização Nacional de Direitos Humanos (ONDH).
Kilo, de 57 anos, foi preso em maio, junto a uma dezena de ativistas de direitos humanos e políticos de oposição, depois de pedir em mensagem ao regime do presidente Bashar al-Assad que pare de interferir nos assuntos do vizinho Líbano.
Segundo Qorabi, o magistrado ordenou que Kilo fosse enviado à prisão de Adra (cerca de 20 quilômetros ao norte de Damasco), apesar de ter sido libertado por outro juiz na quinta-feira passada, depois de pagar fiança de 1.000 liras sírias, (equivalentes a cerca de US$ 20).
"A ordem de libertação de Kilo desapareceu no tribunal, e ninguém sabe o paradeiro desse documento", explicou o porta-voz da ONDH.
Qorabi lembrou que centenas de intelectuais sírios e libaneses assinaram junto à dezena de ativistas encabeçados por Kilo a carta em que pedem o fim da interferência síria no Líbano, publicada em maio no jornal libanês "al-Nahar".
Na mesma carta, o escritor também pediu ao regime sírio a libertação de todos os presos políticos libaneses, e ressaltou a necessidade de que se respeite e consolide a soberania e a independência de Síria e Líbano frente às agressões israelenses e a política hegemônica dos EUA.
Esse pedido aconteceu um dia antes de EUA, Reino Unido e França apresentarem um projeto de resolução no Conselho de Segurança da ONU que exigia à Síria o respeito à soberania do Líbano e a delimitação das fronteiras entre os dois países.
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