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Missionário assassinado em Juína, terá julgamento 19 anos depois
Um momento particularmente feliz marcava aquele abril de 1987. Recém-chegado de um encontro com representantes da Fundação Nacional do Índio (Funai) em Brasília, o missionário jesuíta Vicente Cañas Costa retornou a seu barraco, às margens do rio Juruena, em Juína (município a 737 quilômetros de Cuiabá) certo de um desfecho positivo para a questão das terras tradicionais do povo Enawene-Nawê.
A ausência de contatos por rádio, no entanto, chamava a atenção de seus colegas de missão. Passados mais de trinta dias, um grupo foi designado para viajar até a área dos índios e verificar o que havia ocorrido. No barraco, havia sinais de luta. À beira do rio, o corpo mumificado do missionário.
Dezenove anos depois, a busca por respostas sobre a morte de Vicente Cañas ainda mobiliza as autoridades da Justiça e da Segurança Pública. Também motiva grupos indigenistas e de defesa dos direitos humanos a buscar justiça pelo que consideram um assassinato por encomendada.
Nesta terça-feira, na Justiça Federal, um júri popular terá a oportunidade de decidir sobre a questão. De um lado, estarão Ronaldo Antônio Osmar, ex-delegado de polícia de Juína, José Vicente da Silva e Martinez Abadio da Silva. De outro, o Ministério Público Federal, que os acusa de homicídio duplamente qualificado.
Osmar, segundo o MP, teria sido o responsável pelo agenciamento de José Vicente e Martinez, executores do crime. A encomenda teria sido feita pelos fazendeiros Pedro Chiquetti e Camilo Carlos Obici, já falecidos, e Antônio Mascarenhas Junqueira, cuja acusação prescreveu em função de sua idade.
A defesa do ex-delegado alega falta de provas e levanta até mesmo a possibilidade de que a morte do missionário tenha sido por causa natural (ver matéria). Entre as testemunhas de acusação – nenhuma delas ocular – estarão o coordenador regional do Cimi, Sebastião Moreira e o secretário do Ministério do Meio Ambiente, o ex-deputado estadual Gilney Vianna.
TERRA – O padre Aloir Pacini, coordenador do Museu Rondon, vem mobilizando entidades e movimentos sociais para acompanhar o julgamento. Ele não tem dúvidas de que Cañas foi uma vítima da disputa por terras entre índios e os fazendeiros da região.
“Ele era um dos que mais ajudavam no processo de demarcação e um dos precursores de uma nova relação missionária com os índios. Na certa, os assassinos acreditavam que sua morte faria os Enawenê recuar na luta”, avalia ele.
Cañas, afirma o religioso, foi uma dos personagens recentes do indigenismo que mais contribuiu, com seu exemplo, para a autonomia dos povos indígenas. “Ele viveu um momento histórico e, mais do que isso, foi um de seus protagonistas. Este é um legado importantíssimo para todos nós”.
Para Pacini, o julgamento é uma oportunidade para Mato Grosso. “Será uma demonstração de que vivemos hoje em um Estado em que um crime como este não fica impune. É o que esperamos há 19 anos”.
A ausência de contatos por rádio, no entanto, chamava a atenção de seus colegas de missão. Passados mais de trinta dias, um grupo foi designado para viajar até a área dos índios e verificar o que havia ocorrido. No barraco, havia sinais de luta. À beira do rio, o corpo mumificado do missionário.
Dezenove anos depois, a busca por respostas sobre a morte de Vicente Cañas ainda mobiliza as autoridades da Justiça e da Segurança Pública. Também motiva grupos indigenistas e de defesa dos direitos humanos a buscar justiça pelo que consideram um assassinato por encomendada.
Nesta terça-feira, na Justiça Federal, um júri popular terá a oportunidade de decidir sobre a questão. De um lado, estarão Ronaldo Antônio Osmar, ex-delegado de polícia de Juína, José Vicente da Silva e Martinez Abadio da Silva. De outro, o Ministério Público Federal, que os acusa de homicídio duplamente qualificado.
Osmar, segundo o MP, teria sido o responsável pelo agenciamento de José Vicente e Martinez, executores do crime. A encomenda teria sido feita pelos fazendeiros Pedro Chiquetti e Camilo Carlos Obici, já falecidos, e Antônio Mascarenhas Junqueira, cuja acusação prescreveu em função de sua idade.
A defesa do ex-delegado alega falta de provas e levanta até mesmo a possibilidade de que a morte do missionário tenha sido por causa natural (ver matéria). Entre as testemunhas de acusação – nenhuma delas ocular – estarão o coordenador regional do Cimi, Sebastião Moreira e o secretário do Ministério do Meio Ambiente, o ex-deputado estadual Gilney Vianna.
TERRA – O padre Aloir Pacini, coordenador do Museu Rondon, vem mobilizando entidades e movimentos sociais para acompanhar o julgamento. Ele não tem dúvidas de que Cañas foi uma vítima da disputa por terras entre índios e os fazendeiros da região.
“Ele era um dos que mais ajudavam no processo de demarcação e um dos precursores de uma nova relação missionária com os índios. Na certa, os assassinos acreditavam que sua morte faria os Enawenê recuar na luta”, avalia ele.
Cañas, afirma o religioso, foi uma dos personagens recentes do indigenismo que mais contribuiu, com seu exemplo, para a autonomia dos povos indígenas. “Ele viveu um momento histórico e, mais do que isso, foi um de seus protagonistas. Este é um legado importantíssimo para todos nós”.
Para Pacini, o julgamento é uma oportunidade para Mato Grosso. “Será uma demonstração de que vivemos hoje em um Estado em que um crime como este não fica impune. É o que esperamos há 19 anos”.
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Da Reportagem
URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/266709/visualizar/
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