Neto que Pelé não conhece ensaia dribles em Santos
Octávio, também conhecido como Tatá, é filho de Sandra e do pastor evangélico Oséas Felinto. Ele nasceu em 26 de agosto de 1998, dois anos após a mãe ter conquistado na Justiça o direito de usar o sobrenome de Pelé.
Além de ser descrito por pessoas próximas como um garoto muito carinhoso e dedicado, ele tem também a fama de "bater um bolão". Para André Alves, 27 anos, ex-jogador do Santos e professor de Otávio, o garoto mostra que a genética pode influenciar positivamente se ele optar pela carreira de jogador. Ele conta que Otávio gosta de jogar no meio-campo e mostra habilidades acima da média dos garotos da sua idade.
Já aos cinco anos, Otávio freqüentava as escolinhas de futebol de salão do Santos. Depois foi treinar nas categorias de base do Litoral Futebol Clube, time fundado por Pelé em Santos, a convite do ex-jogador Manoel Maria. "Para a idade dele, ele tem um nível muito bom. Treinávamos com atletas até dois anos acima dele e ele se destacava", diz o professor, que é filho de Manoel Maria, ex-ponta direita do Santos.
Mas o neto de Pelé não deve satisfazer a expectativa de quem espera um novo artilheiro, dono de dribles e passes mágicos. Segundo o professor, Otávio se destaca por ter um comportamento mais combativo em campo e pelo vigor físico. "É outro estilo, não tem nada a ver com o Pelé", comenta. "Disputamos campeonatos, ele jogou como meia e volante, desarmava muito bem. Tem força, domínio, mais para frente pode ser um grande jogador", diz.
Mais que a habilidade, Alves destaca a seriedade e a disciplina do neto do Rei. Ele diz que o garotinho tem bons fundamentos, mas acima de tudo é uma criança que se cobra muito, é muito disciplinada e interessada. "Não gosta de perder de jeito nenhum", comenta Alves.
Aos amigos, Octávio já confessou várias vezes o desejo de conhecer o avó e declarou que tentava imitar as jogadas do Rei que ele via nos DVDs. Na semana em que a mãe morreu, viu no jornal a notícia da inauguração da nova escolinha de futebol do craque em Santos e ficou entusiasmado. Mas segundo o pai, Oséas Felinto, o garoto deve seguir os treinos em outra escola.
O encontro entre neto e avô ainda não aconteceu, mas o professor do garoto diz que o Rei do Futebol, mesmo distante, pedia atenção dos funcionários da escolinha com os netos. "O Pelé sempre perguntava desses meninos, dizia para eu cuidar dos netos dele", conta o professor. Além de Octávio, outro filho de Sandra, chamado Gabriel, de 6 anos, também costumava frequentar as escolinhas de futebol do Litoral.
Expectativa exagerada Na opinião do ex-jogador e professor das categorias de base do novo Centro de Treinamento inaugurado por Pelé, João Carlos Rodrigues, 60 anos, ainda é cedo para pensar no futuro de Tatá. "Ele, na minha opinião, ainda está indeciso, sabe dominar a bola, mas às vezes joga no gol", diz Rodrigues. Quando o avô de Tatá tinha 15 anos e jogava no Bauru Atlético Clube, chegou a atuar regularmente como goleiro, para dar chance aos colegas de faixa etária.
Para o ex-jogador, o maior perigo para Octávio é o peso do parentesco com o Rei. Ele lembra que no caso do filho de Pelé, Edinho, houve cobrança exagerada por parte da mídia e dos cartolas. Em parte, a carreira de Edinho foi abreviada por seus laços sangüíneos. "O filho de Pelé já pagou por isso", comenta.
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