Ibama barra construção de muro na areia de Camburi
Além do Ibama, a Secretaria de Meio Ambiente de São Sebastião notificou os três proprietários dos imóveis. Dois deles tiveram que suspender as obras e o último já recebeu o auto de demolição. Não havia licenciamento ambiental.
Camburi, que apesar da ocupação por casas e condomínios continua preservada e sem poluição, é uma das praias mais valorizadas do país.
As queixas da suposta invasão partiram de moradores do bairro, que fizeram um abaixo-assinado pedindo providências.
O presidente da Sacy (sociedade dos moradores), Marcos Capobianco, encaminhou um ofício à prefeitura em que relata um histórico de ocupações irregulares em torno da orla. Há locais onde restam só 7 m de areia entre a água e barreiras criadas por construções.
No ofício, Capobianco pede "medidas que restituam à comunidade a faixa de praia apropriada pelo Condomínio Porto Camburi, pelo Condomínio Vila de Camburi e pelas residências à beira-mar".
Segundo Capobianco, o problema surgiu com o condomínio Porto Camburi. Depois, os outros proprietários teriam invadido a areia ao alinhar muros com o do condomínio.
De acordo com moradores ouvidos pela Folha, o problema, apesar de antigo, se agravou há cerca de um mês, após uma forte ressaca que destruiu os muros e revelou que haviam sido construídos aterros no local, sobre a areia da praia.
De acordo com o comerciante Cristóvão Passos, dono de um camping em Camburi, a faixa invadida chega a 8 m. "Moro aqui há 25 anos. Está acabando lugar para o turista sentar na areia. Até a praia foi tirada dos turistas", disse Passos.
Capobianco afirma que os proprietários à beira-mar estão bloqueando, com as invasões, a rampa de madeira de acesso à praia, a cadeira dos salva-vidas, as lixeiras e até a bandeira que sinaliza as condições de água.
Apuração
O fiscal do Ibama Roberto Reis afirmou que não é possível confirmar se realmente os condomínios e casas invadiram a areia. Segundo ele, os terrenos só poderão ser delimitados quando os donos forem retirar o licenciamento ambiental para construir os muros.
Outro lado
O administrador Emilson Matos, da empresa que gerencia os dois condomínios com obras embargadas, afirmou ter contratado uma equipe com engenheiros e advogados para regularizar a construção dos muros. Ele nega que, após a ressaca, os condomínios tenham avançado sobre a areia.
"Fizemos as barreiras no mesmo lugar em que estavam as antigas, destruídas pela ressaca. Mas não posso garantir que elas estivessem regulares. Vamos verificar", disse. "Vamos estudar o projeto e regularizar tudo."
O condomínio Porto Camburi tem 18 casas. No Vila Camburi, são 13.
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